segunda-feira

Pré-sal: modelo é estatizante e atrasado e a urgência governista é pensamento de tropa de choque

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), criticou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de dar caráter de urgência aos projetos que definem o marco regulatório da exploração do petróleo na camada do pré-sal.

Virgílio critica urgência para projetos do pré-sal


"Já existe uma pressa que é da importância da matéria. Se todos estiverem dispostos a fazer uma discussão séria, os projetos serão aprovados com agilidade. Mas colocar caráter de urgência é pensamento de tropa de choque. E, no Senado, eles não têm maioria, o tamanho da base e da oposição é equivalente. Se eles não discutirem com seriedade, não terão maioria para aprovar as matérias", afirmou Virgílio. "O pré-sal é um projeto de Brasil, o governo não pode discutir o assunto com cabeça de tropa de choque".

Virgílio também é crítico do modelo estatizante defendido pelo governo, que prevê a criação de uma estatal do setor petrolífero e fortalecimento da Petrobras, que terá pelo menos 30% de todos os consórcios formados para exploração dos poços. Arthur Virgílio é defensor do modelo aberto para privatizações, como o adotado pelo governo Fernando Henrique Cardoso.

"O modelo estatizante é muito atrasado. Continuo defendendo a abertura de parcerias. O que o governo não entende é que o pré-sal não é uma coisa infinita. Daqui para frente os combustíveis fósseis irão cada vez mais perder importância frente a fontes de energia que respeitam o meio ambiente", declarou o líder do PSDB. "Estatizar só irá retardar o aproveitamento do pré-sal", acrescentou.

Esta manhã, ficou decidido, em reunião de ministros e líderes dos partidos aliados na Câmara e no Senado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o governo enviará quatro projetos com urgência constitucional ao Congresso: 1) definição do marco regulatório para exploração de petróleo na camada pré-sal; 2) criação de uma nova estatal, a Petrosal; 3) criação de um fundo social para investimentos em educação e cultura, ciência e tecnologia, erradicação da pobreza e desenvolvimento ambiental; 4) capitalização da Petrobras em cerca de U$ 50 bilhões. Fonte

terça-feira

DISCURSO DE LULA -- em 1987

ONTEM

“Sarney é um impostor que chegou à presidência assaltando o poder!” Lula, em 6 de setembro de 1987, durante o governo da hiperinflação de Sarney


Em 6 de setembro de 1987, num comício em Aracaju, o deputado federal Luiz Inácio Lula da Silva, presidente nacional do PT, disse o que pensava do país, do governo federal e do presidente José Sarney.

Seguem-se os melhores momentos, sem correções de nenhuma ordem:



“A burguesia deita e rola às custas da burrice da esquerda desse país. A coisa é mais séria do que cada um de vocês pode imaginar e a televisão nem sempre conta a verdade pra população. Aliás, na maioria das vezes o povo não sabe da verdade. O povo brasileiro, a dona de casa o adolescente, o aposentado, o chefe de família, ele hoje está desacreditado em tudo, porque muitas mentiras foram contadas para cada um desses 40 milhões de brasileiros”.

“Traíram o povo brasileiro no primeiro Plano Cruzado, traíram o povo brasileiro no segundo Plano Cruzado, traíram o povo brasileiro no plano Bresser Pereira, e agora o povo está mais desacreditado ainda porque alguns vieram na rua prometer que a Constituinte iria resolver todos os problemas. Não vai resolver porque nós somos apenas cem ou cento e poucos deputados comprometidos com a luta desse povo e tem quatrocentos e cinqüenta representantes do poder econômico e que não estão a fim de fazer com que a Constituição garanta direitos ao nosso povo”.


“Nós somos um país aonde a história é contada pela Rede Globo de Televisão porque o senhor Roberto Marinho não faz outra coisa a não ser mentir para o povo. Nesse país miserável a classe trabalhadora ganha 2.200 cruzados por mês, e 2.200 cruzados por mês não dá pra nenhum cidadão sobreviver”.


“Seria por demais importante pra classe trabalhadora que, ao invés do Sarney dar 250 cruzados em abono para a classe trabalhadora, pede pra mulher dele ir pro supermercado fazer surpresa, ele iria perceber que não dá pra comprar pra essa classe trabalhadora comer. Nós somos um país aonde quem manda aqui, apesar de Tiradentes ter morrido pela nossa independência, a nossa independência ainda não chegou aqui porque ficou na conta dos banqueiros internacionais. E o governo brasileiro não tem alternativa, ele vai ter que escolher: ou ele enche o rabo dos banqueiros de dinheiro do nosso sangue ou do nosso suor”.


“A Nova República é pior do que a velha, porque antigamente na Velha República era o militar que vinha na televisão e falava, e hoje o militar não precisa mais falar porque o Sarney fala pelos militares ou os militares falam pelo Sarney. Nós sabemos que antigamente, os mais jovens não conhecem, mas antigamente se dizia que o Ademar de Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão. Pois bem, Ademar de Barros e Maluf poderiam ser ladrão, mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da nova República, perto dos assaltos que se faz”.


“Nós não queremos as eleições diretas para tirar o sicrano e botar beltrano. Nós queremos eleições diretas pra tirar um segmento social e colocar outro segmento social, nós queremos as eleições diretas para tirar a burguesia e colocar a classe trabalhadora pra governar esse país. O ministro da Previdência Social pegou 1 bilhão de cruzados e ao invés de aplicar no salário dos aposentados, comprou 328 apartamentos para 328 marajás em Brasilia. O presidente da República ao invés de fazer açude, ao invés de fazer cacimba, ao invés de fazer poço artesiano ou fazer irrigação no Nordeste, vai gastar 2 bilhões e meio de dólares pra construir uma ferrovia, Norte-Sul, ligando a casa dele no Maranhão até a casa dele em Brasília”.


“Nós não temos governo. O Sarney, ora diz que manda, mas não manda, quem manda é os milico, o Ulisses Guimarães ora diz que manda, mas não manda, quem manda é os milico. E na briga do Sarney com Ulisses, quem manda mais ou quem manda menos, a classe trabalhadora se ferra. (…) Para que a gente tenha um outro tipo de país é preciso que a gente tenha um outro tipo de governo porque esse que tá lá não é governo, esse que tá lá, na verdade, é um impostor porque não chegou à Presidência da República pelo voto direto do povo; chegou à Presidência da República assaltando o poder“.



HOJE

"O Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum."

Lula, na defesa de Sarney um dia depois do discurso feito pelo aliado , ao qual o senador esquivou-se dos escândalos revelados na casa.


Fonte:Augusto Nunes
Fotos:omalfazejo2


domingo

Atenção internautas!!!


STF julga processo de quebra de sigilo bancário contra Palocci na quinta-feira


Folha Online

O processo contra o deputado federal Antonio Palocci (PT-SP), acusado da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa e da divulgação indevida desses dados, em 2006, quando era ministro da Fazenda do governo Luiz Inácio Lula da Silva, será o destaque da pauta de julgamentos da semana no STF (Supremo Tribunal Federal).

O relator do processo é o presidente do STF, Gilmar Mendes. Os ministros decidirão na sessão da próxima quinta-feira (27) se recebem a denúncia e abrem ação penal contra o parlamentar, o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso e o jornalista Marcelo Netto, assessor de imprensa do Ministério da Fazenda à época dos fatos.

O resultado deste julgamento é aguardado pelo PT dentro do jogo eleitoral para as eleições de 2010. Caso Palocci seja absolvido, passa a ser uma boa opção para algumas das disputas.

Ele poderia ser o "plano B" caso a escolhida por Lula, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, não decole nas pesquisas ou seja atingida de fato pelo caso da ex-secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, que diz que a ministra pediu para ela "agilizar" as investigações sobre problemas fiscais nas empresas de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-SP).

A tese de Palocci ser um bom "plano B" para Dilma é ventilado por um grupo do PT em São Paulo, segundo informou Mônica Bergamo na sua coluna de sexta-feira na Folha. Este grupo diz que Palocci tem facilidade para conseguir dinheiro do empresariado e suavidade na comunicação com o público, ao contrário da ministra.

O PT poderia inclusive recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para impedir que adversários explorassem o caso da queda do sigilo bancário de Francenildo --inocentado, Palocci não poderia ser atacado por isso.

Além disso, Palocci também é visto como uma boa alterativa dentro do partido para a disputa para o cargo de governador de São Paulo, caso o plano de lançar Ciro Gomes (PSB-CE) não vingue.

Edmar Moreira e compra de votos

Na mesma data do julgamento do caso de Palocci também será analisado recurso do deputado federal Edmar Moreira (PR-MG) contra o recebimento da denúncia no inquérito no qual é acusado de prática do crime de apropriação indébita de contribuições previdenciárias. O caso é de relatoria do ministro Carlos Ayres Britto.

Leia mais notícias sobre Antonio Palocci na Folha de SP

sábado

Golpe (eleitoral) contra a agricultura

Editorial Estadão

Empenhado em ganhar as próximas eleições a qualquer custo, o presidente Lula decidiu recrutar para a campanha os desordeiros do MST. Para garantir seu apoio, planeja golpear um dos setores mais produtivos e estrategicamente mais importantes da economia brasileira, o agronegócio. Para isso, o presidente exigiu de seus ministros a apresentação, nas próximas duas semanas, dos novos índices de produtividade usados como critério para a desapropriação de terras. A intenção é clara. O comando eleitoral do Palácio do Planalto não está interessado em produtividade. Se estivesse, daria mais apoio a quem realmente produz e já demonstrou vocação para modernizar a própria atividade e competir entre os melhores do mundo. O agronegócio brasileiro assusta os concorrentes da Europa, dos Estados Unidos e das maiores economias do resto do mundo por sua capacidade competitiva. No centro do governo, é acusado de improdutivo e de não respeitar a "função social" da propriedade agrícola.

Se perguntarem ao presidente Lula por que ele prometeu aos dirigentes do MST a renovação dos tais índices de produtividade, ele não poderá fornecer nenhuma resposta razoável, porque nenhuma resposta desse tipo estará disponível. Não há, no Brasil, nenhum déficit na produção e na oferta de alimentos. A agropecuária brasileira tem sido capaz, há muitos anos, de produzir muito mais que o necessário para o consumo interno. Se é preciso complementar a oferta de algum produto, como o trigo, a receita de exportação gerada pelo setor é muito mais que suficiente para financiar a compra. De janeiro a julho deste ano, as exportações do agronegócio renderam US$ 37,73 bilhões, enquanto as importações consumiram apenas US$ 5,88 bilhões.

Esse bom resultado, um superávit de US$ 31,85 bilhões, sustentou o saldo comercial brasileiro e contribuiu de forma importante para o País enfrentar a crise sem abalo nas contas externas. Num cenário adverso, com a procura externa retraída e as condições de concorrência muito mais duras, o agronegócio brasileiro mais uma vez mostrou sua eficiência. Ninguém condenou a indústria por trabalhar, desde o agravamento da crise, bem abaixo de sua capacidade produtiva, como observou a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Nem haveria por que censurar. Mas querem cobrar da agropecuária índices de produtividade impostos pela burocracia de Brasília, em qualquer condição econômica e sem nenhum benefício para o País, porque não falta comida - barata - nem matérias-primas de origem agrícola.

O objetivo de Lula não é, obviamente, cuidar dos interesses da economia brasileira. Não é preciso mexer na posse da terra - e ele sabe disso - para abastecer o mercado nacional nem para tornar competitivo o produto brasileiro. Os verdadeiros produtores, grandes, médios e pequenos, têm cuidado de todos esses pontos, com o esforço próprio, com a ação da Embrapa (quase destruída, há alguns anos, pela intervenção petista) e com algum apoio do Ministério da Agricultura. O objetivo presidencial, por exclusão, só pode ser eleitoral. Não por acaso a decisão de Lula foi anunciada depois de 3 mil pessoas arrebanhadas pelo MST montarem acampamento e promoverem manifestações e desordens em Brasília. Bem tratados pela demagogia presidencial, serão convertidos em tropas de choque para atuar na campanha eleitoral coordenada por Lula, o chefe de fato do PT.

Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Gustavo Cassel, só tem de se preocupar com os novos índices quem não se preocupa com a produção. Isso é retórica de quinta categoria. Quem menos se preocupa com produtividade e bom uso da terra é o seu Ministério. Se houvesse alguma seriedade na chamada "política agrária", a próxima iniciativa deveria ser um reexame dos objetivos da "reforma" e de sua utilidade para o Brasil. O resultado de um exame honesto seria facilmente previsível: o único objetivo da política atual é a manutenção de massas de manobra disponíveis para servirem a quem as financia. O financiamento, a propósito, é feito com dinheiro público. Cabe ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, denunciar mais essa perigosa farsa da "política agrícola". Sua omissão será desmoralizante.

Campanha em todo Brasil

terça-feira

Clã Sarney proíbe jornal do MA de divulgar dados


Roberto Almeida

O juiz Nemias Nunes Carvalho, da 2ª Vara Cível de São Luís, no Maranhão, obrigou o Jornal Pequeno, notório opositor do sarneysismo no Estado, a retirar de seu site reportagem publicada dia 8 de março deste ano com dados da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, envolvendo Fernando Sarney, filho do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP).

A liminar concedida pelo magistrado, no dia 17 de julho, tem teor semelhante à que censurou o Estado no último dia 30. Caso o Jornal Pequeno não respeite a decisão, tomará multa de R$ 3 mil por dia em favor de Fernando Sarney. "Nós já recorremos da medida. Assim como no caso do Estadão, consideramos um atentado à liberdade de imprensa, que o Jornal Pequeno já sofre há muito tempo", afirmou Oswaldo Viviani, editor do diário.

O Jornal Pequeno tem 57 anos, 44 deles dedicados a combater o sarneysismo no Maranhão, diz Viviani. A briga começou, segundo o editor, ainda em 1968, quando Sarney decidiu processar o fundador do jornal, José Ribamar Bogéa, por publicar textos supostamente ofensivos à sua atuação política. O caso chegou em 1970 ao Supremo Tribunal Federal, que por fim absolveu Bogéa.

"A gente entende e se solidariza com o Estado, porque está sentido na pele esses métodos faz tempo", alertou Viviani. "É uma repressão e uma espécie de coação judicial, que sobreviveu bravamente durante todos os esses anos."

No ano passado, conta o editor, o diretor do jornal, Lourival Bogéa, foi condenado a pagar indenização por danos morais a José Sarney no valor de R$ 50 mil. O caso teve como princípio uma série de reportagens e cartas de leitores com críticas ao atual presidente do Senado.

A família Sarney detém o controle dos principais meios de comunicação do Maranhão, como a TV Mirante, afiliada da Rede Globo, e o jornal O Estado do Maranhão, concorrente direto do Jornal Pequeno. Estadão.

domingo

Sarney e Siqueira confirmam descoberta de atos em maio

Recife. Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press. Publicada no dia 15/08/2009


Em notas, presidente do Senado e ex-diretor de RH tentam amenizar contradição em discurso de Sarney

Leandro Colon, de O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o ex-diretor Ralph Siqueira confirmaram neste sábado, 15, que os atos secretos do Senado ("não publicados", segundo eles) foram descobertos em maio. Ou seja, naquele mês, o senador já sabia da existência de boletins sigilosos na Casa. Os dois tentaram, por meio de notas, amenizar a contradição disso com o discurso em que Sarney diz, no dia 16 de junho, que não sabia o que era ato secreto.

Em entrevista gravada ao Estado, Siqueira disse na sexta-feira, 14, que avisou Sarney da descoberta de atos secretos num encontro entre 28 e 29 de maio: "Comuniquei que havia sido nomeada essa comissão da qual eu participava e que havia indícios de omissão deliberada. Era meu dever falar ao presidente o que já tinha falado ao diretor-geral. Ele disse para investigar tudo. O primeiro-secretário já sabia de um ato que elevava a remuneração dos chefes de gabinete administrativos. E comuniquei isso ao presidente. Ele disse que iria providenciar a anulação desse ato."

Neste sábado, reafirmou o encontro com Sarney, incluindo, desta vez, além do indício de sigilo proposital, a possibilidade de "erro técnico": "Disse ao repórter que, entre os dias 28 e 29 de maio, após a criação da Comissão de Sindicância para efetuar o levantamento dos Boletins de Pessoal publicados no Senado Federal, comuniquei ao Presidente Sarney, na condição de diretor da Secretaria de Recursos Humanos, que iria integrar a Comissão e que ela levantaria a quantidade de boletins antigos que haviam sido disponibilizados na rede pela Secretaria de Recursos Humanos, bem como apuraria se a falta desses boletins na rede teria ocorrido por erro técnico ou por omissão deliberada".

Sarney confirmou também outra declaração dada por Siqueira: a de que todos os atos foram publicados, sem alarde, entre abril e maio deste ano. A manobra só foi revelada em reportagem do Estado no dia 10 de junho. Em sua nota, Sarney não explica os motivos que levaram a administração da Casa a inserir mais de 500 atos secretos de maneira encoberta e sem qualquer investigação preliminar, inclusive antes dos trabalhos da comissão de sindicância que analisou o assunto.

O senador diz, na nota, que a declaração de Siqueira - ex-diretor de Recursos Humanos - "não constitui nenhuma novidade". A nota divulgada neste sábado pelo ex-diretor foi negociada pela manhã, por telefone, com a assessoria de Sarney. Desta vez, Siqueira tentou desvincular sua declaração com o discurso em que o senador diz, no dia 16 de junho, que não sabia o que era ato secreto. Ele tentou apresentar uma versão para não prejudicar Sarney e, por outro lado, que o ajude no processo disciplinar dentro do Senado.

Sarney afirma também que, na data de seu discurso em 16 de junho, já havia recebido o relatório final da comissão que analisou os atos secretos: "Em 16 de junho, esta Comissão encerrou seus trabalhos". O presidente do Senado recebeu, no máximo, um relatório preliminar. A comissão encerrou seus trabalhos no dia 19 de junho, três dias depois de seu discurso. Naquela sexta-feira, a servidora Dóris Peixoto, integrante da comissão na época e hoje diretora de Recursos Humanos, entregou a assessores do senador o relatório e um CD com os atos secretos. A conclusão dos trabalhos foi divulgada à Mesa Diretora somente no dia 23, uma semana depois do discurso de Sarney.

Veja também:

lista Leia a íntegra da nota de José Sarney

lista Leia a íntegra da nota de Ralph Siqueira

linkSarney admite que soube em maio sobre atos secretos

linkSarney quebrou decoro ao negar atos, diz oposição

linkSarney foi avisado de atos secretos, afirma ex-diretor

terça-feira

Governo de São Paulo cobra R$ 600 milhões da Petrobras por impostos

O TIT (Tribunal de Impostos e Taxas), segunda instância administrativa da Secretaria da Fazenda paulista, vai julgar no prazo de 30 dias um auto de infração da ordem de R$ 600 milhões contra a Petrobras, informa reportagem de Claudia Rolli e Fátima Fernandes para a Folha desta terça-feira (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

Aplicado em 2005, o auto se refere ao não pagamento de ICMS na importação de gás da Bolívia destinado ao Estado de São Paulo. Atualizado, com juros e multas, esse auto pode chegar a R$ 1 bilhão, segundo apuração da Folha.

A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo entende que o ICMS da importação do gás da Bolívia para distribuir às empresas paulistas tem de ser recolhido para o Estado de São Paulo. Como o gás passou pelo gasoduto da Petrobras em Mato Grosso Sul, esse Estado também disputa o recolhimento do imposto. A Fazenda informou que não vai se pronunciar sobre o caso até o encerramento do processo.

A Petrobras também deve ser autuada pela queima de gás realizada pela estatal, segundo disse à Folha o secretário estadual da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, em reportagem publicada no último domingo.

quinta-feira

Discurso de José Sarney manipula dados


Leandro Colon, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tentou confundir os senadores no seu discurso ontem em plenário. Durante os 48 minutos em que apresentou sua defesa para as denúncias contra ele no Conselho de Ética, cometeu uma série de deslizes. Num jogo de palavras, misturou duas investigações da Polícia Federal para insinuar que as gravações divulgadas pelo Estado no dia 22 de julho - em que ele negocia a nomeação do namorado da neta - poderiam ter sido montadas. Os áudios publicados no jornal são autênticos, do começo ao fim de cada telefonema, sem edição, e a voz de Sarney é real. Na conversa, Sarney fala com o filho Fernando Sarney sobre a nomeação de Henrique Dias Bernardes - então namorado de Maria Beatriz Sarney - e diz que vai discutir o assunto com o ex-diretor Agaciel Maia. As gravações, feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça, fazem parte da Operação Boi Barrica, em que a PF investiga o filho do presidente do Senado. Em seu discurso ontem, Sarney admitiu que era sua a voz nas gravações. Ele argumentou que os áudios não poderiam ser divulgados porque envolviam um senador, que tem foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF). “Trata-se de conversas coloquiais entre familiares”, disse. Logo depois, começou a falar de uma suposta montagem, sem, porém, explicar imediatamente do que se tratava. “Agora, quero mostrar aos senhores os métodos que foram adotados. Não encontrando nada contra mim, então, faltando, acho, notícia, querendo generalizar, os senhores vão ficar pasmados: fraudaram a fita que distribuíram aos jornais e incluíram o meu nome com a voz de uma outra pessoa”, afirmou. Somente depois Sarney explicou que se referia à Operação Navalha, realizada em 2007 pela PF para desmontar um esquema de fraudes em licitações. Essa investigação envolveu o empresário Zuleido Veras - dono da Gautama - suspeito de ligação com a família Sarney. Segundo o senador, um áudio - que o Estado jamais divulgou - teria sido montado. Numa gravação em que Zuleido teria dito que iria à casa de Sarney, a voz não seria do empresário, mas de outra pessoa.

O DISCURSO




Srªs e Srs. Senadores,

Srª Presidente, até hoje não usei esta tribuna, para rebater as inverdades contra mim disseminadas aqui mesmo e na mídia nacional.
Vim hoje, para expor tudo que fizemos e estamos fazendo pelo Senado, seguindo a linha das minhas administrações anteriores e com a colaboração da Mesa, especialmente do seu executivo, o 1º Secretário Heráclito Fortes. Avaliei que as críticas que me fizeram eram só rescaldos da eleição, mas eram mais profundas, faziam parte de um projeto político e de uma campanha para desestabilizar. Disse, quando assumi a Presidência desta Casa, que tenho as minhas amizades pessoais; sempre zelei por elas e cumpro o meu dever de amigo para com elas. Tenho minha posição política, que adotei com coragem e com convicção,de apoio ao Presidente Lula, que está fazendo um governo excepcional, com o apoio estimulante e forte do povo brasileiro. Mas nem os amigos, nem minhas convicções políticas me fariam colocar o Senado submetido a qualquer sentimento menor ou de qualquer posição pessoal. Meu dever é para com o Senado. Por temperamento, sempre fui um homem de diálogo, de convívio pacífico, de respeito aos outros, às suas ideias e às suas posições. Mas isso, ao longo de minha vida, nunca me fez abandonar a firmeza, quando ela tem sido necessária. Minha vida política nunca foi fácil, nem sem momentos até mesmo - posso dizer - de perigos. Se estou vivo, sobrevivi a três atentados. E houve tempo neste Senado, em que minha vida era ameaçada todo dia pelo Senador Vitorino Freire, que foi um grande inimigo que tive - e político. Nas vezes em que tive que tomar decisões impostas por minha consciência, eu assim procedi. Na semana depois do Golpe Militar, em um clima de grande temor, de grande apreensão dentro do Congresso, em que o caráter dos homens é posto à prova, quatro dias depois, fui à tribuna da Câmara, para defender o mandato dos Deputados cassados: “José Sarney lidera a campanha contra a cassação de Deputados” - quatro dias depois de 31 de março. Havia uma inquietação muito grande, temores de todos os lados, mas eu fui para a tribuna do Congresso, da Câmara dos Deputados, para defender contra a cassação dos Deputados e tive a oportunidade de dizer, sob aplausos da Bancada udenista, em meu discurso: “Aqui não se cassa ninguém fora dos termos previstos na Constituição e na Lei Magna, que deve ser respeitada a todo custo.” Não era fácil naquele tempo se tomar uma posição dessa natureza. No AI-5 fui o único Governador que não o apoiou. Quando o Lula foi atacado injustamente - eu não era seu amigo, nem o conhecia pessoalmente -, sendo seu adversário, escrevi na Folha de S. Paulo, em sua defesa, um artigo, defendendo a sua biografia, com o título “A Lula o que é de Lula”, dizendo que devíamos respeitá-lo pelo que ele tinha feito e que ele não podia ser acusado do que estava sendo acusado. Quando divergi do PDS, renunciei à sua Presidência, abrindo condições para montagem de uma transição sem traumas. Não aderi ao Tancredo, mas, por ele e por Ulysses, fui insistentemente convidado e cooptado para ligar-me ao movimento que o levava ao poder. Da mesma maneira, achei melhor para o Brasil a candidatura Lula e por ele fui convidado - não fui aderir - a apoiá-lo, e ele foi muitas vezes em visita à minha casa nesse sentido. Sempre assumi minhas responsabilidades. Presidente, decretei o Cruzado, fiz a moratória. Não eram fáceis as duas decisões. Coloquei a minha cabeça a prêmio, mas abri caminho, para que no futuro chegássemos, através dos vários planos, ao Plano Real e à estabilidade econômica. Tive a coragem de congelar os preços e até hoje pago por essa conduta. Criei o Programa do Leite, o Seguro-Desemprego, o Vale-Transporte, o Siafi, a Secretaria do Tesouro; acabei com a Conta Movimento do Banco do Brasil. Liberei as Centrais Sindicais, legalizei a UNE e os Partidos banidos, como o PCdoB e o PC. Dei o 13º salário ao funcionalismo público. Aguentei 12 mil greves, sem que nunca tivesse pedido um dia de prontidão militar, e crescemos, àquele tempo, a números que até hoje não se repetiram. Criamos uma sociedade democrática que, num sistema de capilaridade, penetrava em todas as camadas. link

Em 1988, quando os metalúrgicos de Volta Redonda (RJ) entraram em greve e ocuparam a Companhia Siderúrgica Nacional, o então presidente Sarney enviou o Exército para reprimi-los. No conflito, três jovens operários foram mortos e 31 saíram feridos


Aqui, no Congresso, são várias as minhas propostas. As declarações de bens que hoje nós fazemos como registro de candidatos foram iniciativa minha; a Lei da Microempresa e da Pequena Empresa, o primeiro projeto de quotas para negros, a Lei das Estatais, o Estatuto do Livro, a lei que manda o Estado dar medicamento aos aidéticos e a minha grande causa Parlamentar, que foi a cultura, com a Lei de Incentivos Fiscais.
Fui o Relator da Emenda Constitucional, que extinguiu o Ai-5. Nos meus mandatos nunca tive recurso contra a minha diplomação, nunca nenhum procedimento penal, nunca o meu nome foi envolvido em qualquer escândalo; assim, agora, das acusações que me foram feitas nas diversas representações apresentadas ao Conselho de Ética nenhuma coisa se refere relacionada com o dinheiro ou prática de atos ilícitos ou desvio de dinheiro público. São coisas que não representam nenhuma queda de padrão ético e eu vou enumerá-las para que se veja como são menores e como elas podem ser jogadas e manipuladas. Todas são respaldadas sem nenhuma exceção por recortes de jornal. O Conselho de Ética é um órgão julgador. Há diversas decisões da Justiça que não autorizam a abertura de processo por recortes de jornais. Como denunciação caluniosa, muitas das... todas as representações, algumas delas, afirmam que eu estou sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República. afirmam que estou sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República. Quem desmente isso é o próprio Procurador-Geral da República, em declaração que ontem ele deu aos jornais, em que disse: não existem indícios suficientes contra o Presidente do Senado, José Sarney, para que a última instância do Ministério Público, o Supremo Tribunal Federal, entre nas investigações. Na coerência do meu passado, não tenho cometido nenhum ato que desabone minha vida. Não tenho senão que resistir, foi a única alternativa que me deram. Todos aqui somos iguais. Nenhum Senador é maior do que o outro e, por isso, não pode exigir de mim que cumpra a sua vontade política de renunciar. Permaneço pelo Senado para que ele saiba que me fez Presidente para cumprir o meu mandato. Como lembrei em minha prestação de contas antes do recesso, todas as medidas necessárias para a reforma administrativa da Casa foram feitas. Nossa ênfase tem sido na eficiência e na transparência. Problemas que vieram se acumulando durante vários anos estão sendo resolvidos. Nosso desejo e determinação é que possamos retomar a nossa agenda de Casa Legislativa, discutindo os grandes problemas políticos, as reformas que aguardam uma ação firme do nosso Parlamento. O Senado é uma Casa onde todos temos o mesmo peso, igualdade na representação, na disponibilização de assessoramento, na obediência ao Regimento, na possibilidade de cobertura na TV e na Rádio Senado, na composição dos nossos gabinetes com cargos comissionados. Tenho sempre exercido o comando da Casa, compartilhando-o com os outros membros da Mesa Diretora e com as Lideranças. Não sou o primeiro Senador a ter a Presidência duas vezes e pela terceira vez; outros já assim a tiveram. No entanto, hoje não se fala mais em crise administrativa do Senado. Ela sumiu e toda a mídia e alguns Senadores não a vinculam, senão a mim. Não dizem o que fiz de errado, por que devo receber punição, o que devo fazer para a reforma do Senado. Os jornais e a mídia em geral que eu conheça nunca se concentraram tanto contra uma pessoa como estão fazendo comigo, vasculhando minha vida, desde o meu nascimento e, não encontrando nada, invadem minha privacidade e abrem devassa que se estende até a minha família inteira. Não tenho instrumentos de revidar ou responder, porque o direito de resposta e a proteção à imagem estão na Constituição, mas não se integram nem são acessíveis aos direitos da cidadania brasileira. Repito: Do que me acusam? Quero ser objetivo e vou entrar em pontos tópicos que constam das denúncias, sem fugir a nenhum deles de ser tratado. Antes, vamos ver como tudo ocorreu. Desconhecia - e eu acho que também todo o Senado - que o Senado tinha 170 diretorias. Elas não foram criadas por mim! É um número inaceitável. E estamos para isso trabalhando com a Fundação Getúlio Vargas para reduzi-lo, porque a nossa organização é atrasada, decadente em face das necessidades e avanços da Administração Pública. É uma herança do passado, mas disseram, e consta de uma das representações, que 70% dessas diretorias foram criadas por mim. Dessas diretorias, eu criei 23 na minha gestão de 1995 a 1996, para atender aos novos serviços que aqui servem aos Senadores como TV, rádio, jornal, interação com o público, Alô Senado, Interlegis, Instituto Legislativo Brasileiro para aprimoramento dos recursos humanos. Assim, os Srs. Senadores que hoje me condenam têm esse instrumento à sua disposição, porque tomei a iniciativa de fazê-lo. Os que vêm aqui e muitas vezes me criticam o fazem através da TV e Rádio Senado, que foram obras feitas e executadas na minha primeira administração. Em seguida, veio a denúncia dos atos secretos. Eu acho que ninguém aqui nesta Casa sabia ou podia pensar que existisse ato secreto. Acho que é necessário esclarecer primeiro ao povo brasileiro o que se chama ato secreto.

link Sarney anulou os atos secretos num primeiro momento

A parte administrativa do Senado, que tinha o seu boletim interno impresso, com o advento da Internet, para economia e modernização de comunicação, em 2000, depois da minha primeira Presidência, substituiu esse sistema pela Intranet, que é uma Internet exclusiva do Senado, na qual passaram a ser publicados os atos de rotina administrativa do Senado Federal. Assim, entram na Intranet do Senado cerca de quatro mil publicações por ano. Nos nove anos em que ela existe, não se sabe por qual motivo, 511 atos não foram incluídos na rede. Uma média anual de 56 atos, ou seja, 0,84% das publicações administrativas.A Constituição diz, no art.37, que a Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos Poderes deve obedecer aos princípios da publicidade, da moralidade e da eficiência. Assim, esses atos, a meu ver, tinham uma nulidade essencial. Por isso, eu, pelo Ato 294, de 14 de julho de 2009, anulei todos eles,

link Esta semana, o Senado anunciou que abrirá um processo para cada funcionário nomeado por ato secreto. Enquanto isso, esses funcionários seguirão trabalhando

com ressalva das decisões tomadas pela Mesa, porque eu não tinha autoridade para anular atos da Mesa, decisões estas aprovadas pelo Plenário desta Casa. Mas se nós levarmos a uma interpretação literal dos termos da Constituição, da publicidade, que deseja que eles sejam do conhecimento de todos, também os publicados na rede da Intranet do Senado são semi-secretos, porque não podem ser acessados pelo público em geral e somente pelos funcionários do Senado que dispõem de uma senha própria para assim fazer. Por isso, mandei que, a partir desta gestão, todos sejam publicados no portal do Senado, de acesso público, e não somente do conhecimento da própria Casa, e divulgar tudo, sem nenhuma restrição. Mas voltemos aos atos secretos. Dos 663 atos assinados considerados secretos, foi verificado que 152 tinham sido publicados no Diário do Senado Federal, não na intranet, no Diário do Senado, ficando em 511. Destes, 358 são de movimentação de pessoal, rotina da Casa, e 36 foram da Mesa, aprovados pelo Plenário do Senado Federal. Afirmaram, contudo, e parece para a Nação inteira que fui eu que fui responsável por todos esses atos, e a opinião pública passou a receber assim essas informações erradas, deformadas e incompletas. Quero mostrar a distribuição de sua publicação pelas diversas administrações segundo dados do nosso próprio Senado. Quadro nº 1. Sarney: um ato não publicado, boletins não publicados: 1 ato; Antonio Carlos Magalhães: 21 atos, 11 não publicados; Jader Barbalho: 1 ato publicado, 1 ato não publicado; Edison Lobão: 7 atos, 3 não publicados; Jader Barbalho: 0 e 0 não publicado; Ramez Tebet: 63, 303 boletins publicados, 19 não foram publicados; Sarney - na minha segunda administração: 87, publicamos 536, e 33 não foram publicados; Renan Calheiros: 260, 905 atos - ele foi por quatro anos, e, por isso, esses números crescem -, e 229 não publicados; Tião Viana - 2 meses de Presidência: 16 atos, 57 e 9 não publicados; Garibaldi Alves - 1 ano de Presidência: 207 atos, 445 boletins publicados, 106 não publicados, somando 312. Portanto, meus 33, com um lá em cima, e, para a Nação inteira, foi dito que eu era responsável por todos os atos secretos que existiram nesta Casa. Nenhum de nós, Presidentes, sabia da não publicação desses atos. Dou esses números, para que realmente se veja e se faça justiça, porque isso foi divulgado no País inteiro; eles não eram assinados pelo Presidente e, sim, às vezes, pelo 1º Secretário, pelo Diretor-Geral, por outros diretores e por outros chefes da Casa na movimentação de pessoal. Determinei a abertura de inquérito logo que foram denunciados, com a assistência do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União. Este inquérito foi remetido à Polícia Federal; está na Polícia Federal. Fui Presidente do Senado quatro anos, e foram administrações modernizadoras. Estou dizendo isso, não por mim, mas porque daqui recebi de todos os partidos, no fim do mandato que exerci, elogios considerando que este tinha sido o meu desempenho, sem exceção. Nesses seis meses em que sou novamente Presidente do Senado, eu só fiz corrigir erros e tomar medidas saneadoras. Acusam-me de nepotismo. Essa é a grande acusação que me é feita. Há 55 anos no Congresso, nunca adotei a norma de chamar parentes para a minha assessoria. Quero comentar a lista de nomeações das representações contra mim - estou colocando a lista, para saber quais foram elas, quais foram colocadas e que constam do processo, do PSOL e do PSDB, em uma só, porque elas se repetem, com as informações de lotação a mim fornecidas pela administração da Casa. Quadro número um: João Fernando Sarney. Aqui no Senado - todos nós sabemos -, não se nomeia para o gabinete quem não for requisitado para nomear pelo Senador; e ele foi feito. Está aqui a requisição ao Diretor-Geral, do Senador Epitácio Cafeteira, que já teve a oportunidade de confessar que não me disse que tinha nomeado.

link Cafeteira confessou que nomeou João Fernando a pedido de Fernando Sarney, filho do senador


Segundo nome: Vera Portela Macieira Borges. Realmente, é sobrinha, por afinidade, minha. Eu requisitei do Ministério da Agricultura para a Presidência e pedi ao Senador Delcídio que a colocasse no gabinete em Mato Grosso, porque ela tinha se casado, e assim ela continuava trabalhando, não me julgando que nisso houvesse qualquer falha ou qualquer...

link Nomeada em 2003, Vera Macieira já vivia em Mato Grosso naquele ano. Ela não se mudou para o Estado na época da nomeação

Não julgando que nisso houvesse qualquer falha ou qualquer... Qualquer um dos Srs. Senadores aqui nunca deixou na vida de cumprir ou de ajudar as pessoas que lhes pediram que legalmente tomassem providências.

Maria do Carmo Macieira - Eu confesso que não sei quem é. Tem o nome de Macieira, mas também não sei quem é e não trabalha no meu gabinete.

Perdão, ela foi nomeada pela Senadora Roseana. Eu não a conheço. E a lei brasileira não passa responsabilidade de filha para pai. Não há na lei brasileira - está no art. 5º - que a responsabilidade passe de filha para pai.

Pois bem, mas há o ofício da Senadora Roseana requisitando Macieira.

Isabella Murad Cabral Alves dos Santos - Também não é minha parenta. Foi nomeada pelo Senador Cafeteira, que, segundo me afirmou, foi a pedido do Sr. Eduardo Lago, que é primo do Governador do Maranhão, que era meu adversário, e não por mim.


link Sarney não disse, mas Isabella Murad é sobrinha de seu genro, Jorge Murad. Ele apontou o parentesco do empresário Eduardo Lago com adversários seus na política maranhense. Lago, entretanto, é ligado à família Sarney. A Polícia Federal investiga depósitos feitos por ele, às vésperas da campanha eleitoral de 2006, em contas controladas pelo filho de Sarney, Fernando


Virgínia Murad Araújo - Também nomeada para o gabinete da Senadora Roseana Sarney. Cada um de nós é Senador pelo seu Estado e naturalmente recruta, tem essa liberdade de recrutar quem deve trabalhar com ele. Meu Estado é o Amapá. Nathalie Rondeau, também não é minha parenta. Não tenho nenhuma ligação de parentesco com ela.

Luiz Cantuária, também não sei quem é Luiz Cantuária.

link É político do Amapá, ligado a Sarney. Foi nomeado para vaga no Conselho Editorial, que Sarney preside

Rosângela Terezinha Gonçalves, funcionária da Diretoria-Geral, não tenho nenhum laço de parentesco. Nem sei de quem se trata. Maria do Carmo de Castro Meira, da mesma maneira, não sei de quem se trata. Funcionária da Diretoria-Geral, mas foi incluída na lista da representação contra mim. Shirley Duarte Pinto de Araújo, também era do gabinete da Senadora Roseana Sarney. Não era do meu gabinete. Não foi requisitada para nomear por mim.

Rodrigo Cruz, também não sei quem é. Incluíram como se fosse nomeado por mim.

link Sarney foi padrinho de casamento de Rodrigo Cruz no dia 10 de junho. Rodrigo se casou com a filha de Agaciel Maia, Mayanna. Ele trabalhou dois anos no Senado por meio de ato secreto

Agora, Fausto Rabelo Consendey, também não conheço. Não sei onde trabalha, nem que é meu parente ou que tenha sido nomeado por mim. Agora aqui nós vamos ver: Ricardo de Araújo Zoghbi, Luís Fernando Zoghbi, João Carlos Zoghbi Júnior. Ora, os senhores veem, por essa lista, quanto isso pode ser coisa que não pode ser feita, senão coisa que não pode ser feita com seriedade, porque todos sabem que eu nunca me relacionaria aqui com o Sr. Zoghbi. E, ao contrário, mandei abrir inquérito contra ele. E todos sabem, por que o Senador Demóstenes, daqui do plenário, teve oportunidade de fazer uma denúncia de que ele tinha sido colocado no seu gabinete. Pois está colocado na lista como se fosse nomeado por mim. Tenho aqui as relações feitas pelos Senadores pedindo a nomeação dos filhos do Sr. Zoghbi botaram que fui nomeei na minha lista. Dirijo-me a V. Exª para encarecer do Sr. Marcelo Zoghbi neste gabinete para o cargo em comissão... Demóstenes Torres. Estou dizendo isso, Senador Demóstenes como se faz, como foi feita essa lista. Também tenho outra requisição do Sr. Zoghbi para o órgão central de comunicação e execução. Não foi eu, nunca trabalhou no meu gabinete, nunca o vi, mas foi colocado como se eu tivesse sido o homem que botou. Karla Santana, também colocaram numa lista dessa Zoghbi na função de assistente parlamentar da Quarta Secretaria, a partir desta data. Mozarildo Cavalcanti. Colocaram como se fosse eu, colocaram também na lista, não está aqui, colocaram como se fosse eu. Está aqui a requisição feita por lá. Tem outra também do Ricardo para gabinete parlamentar da Vice-Presidência, assinado pelo Senador Eduardo da Silva Campos. Então, meus Srs. Senadores, sou acusado por esta lista que está na representação como se fosse minha, mostrando o meu nepotismo. E aí se vê que só tenho uma pessoa dessas que eu tenha influído que é Vera Portela Macieira Borges, que pedi para botar na Presidência e pedi ao Senador Delcídio para colocá-la. Dessa maneira a gente pode ver como as coisas são feitas. Perdão, eu pulei Ivan Sarney. Ivan Sarney trabalhou aqui dois anos. Em 2003, 2004 e 2005, no gabinete do Senador


Ivan Sarney trabalhou aqui dois anos - em 2003 ou 2004, não me lembro, 2005 -, no gabinete do Senador João Alberto, que não é mais nem um gabinete, e é incluído aqui como se estivesse na lista entre a minha maneira de fazer nepotismo dentro da Casa. (Pausa.) link

Ivan Sarney é irmão de José Sarney. E o ex-senador João Alberto é aliado de primeira hora dos Sarney na política maranhense. Hoje, é o vice de Roseana

Vou repetir o que já disse: essas nomeações eram feitas pelo Diretor-Geral, por requisição do Senador interessado. Foram nomeações para gabinetes. Todos nós sabemos que são privativas dos Srs. Senadores. Ordenei que... Consta também na minha denúncia por quebra de decoro que mandei quatro seguranças do Senado para minha casa, para fazer uma varredura na minha casa, ameaçada de ser incendiada. Se isso é falta de decoro, quero dizer que nós temos dado aqui aos Srs. Senadores... Muitos deles têm pedido a remessa de policiais nossos ao Estado, e essa é a função da nossa Polícia. Outra denúncia que fizeram é que meu neto tinha sido privilegiado com agenciamento de créditos consignados de forma fraudulenta. Meu neto nunca teve nenhuma relação com o Senado. (Pausa.)

link O próprio neto de Sarney, José Adriano, admitiu ao 'Estado' que operava no Senado, que era, nas palavras dele, o 'carro-chefe' de sua empresa. A Sarcris representava o banco HSBC

“Declaro, a quem interessar possa, que o Sr. José Adriano Cordeiro Sarney não é nem nunca foi integrante do quadro de pessoal do Senado Federal, seja efetivo ou de pessoal comissionado, bem como atesto, para todos os fins de direito, que este Senado Federal não tem nem nunca teve qualquer contrato firmado com a empresa Sarcris - Consultoria, Serviços e Participações Ltda.” Essa é uma declaração feita pelo Senado Federal. Sua relação era com o HSBC, o maior Banco do mundo, e não podia ter sido colocado, como se aqui no Senado ele tivesse sido posto por interferência de quem quer que seja. Agora, esse contrato foi feito com o HSBC, a sua concessão, em 2005. Em 2005, quando ele operava, eu não era Presidente, não tinha nada a ver com isso, nem estou sabendo. O que fiz, quando assumi agora, em 2007, foi ter baixado os juros de todos os bancos para 1,6%. De tal modo que, segundo informação que me deram, eram 29 e baixaram para três, o que mostra o acerto da nossa medida. E quando eu assumi também, no dia 2 de fevereiro deste ano, o meu neto não era mais credenciado para operar no HSBC, não trabalhava mais com crédito consignado, conforme nota do próprio Banco. Está aqui a nota do Banco, dizendo justamente isto: que ele tinha sido dispensado... que ele não mais era credenciado pelo Banco. Meu neto não participou da negociação de qualquer convênio do Banco com o Senado, que foi em 2005; ele ainda nem estava morando em Brasília. A autorização do Banco em que trabalhou foi anterior a minha Presidência e a participação das consignações no Senado nos contratos de sua empresa era residual, limitada a 65 contratos, 3%. Tratou-se também da Fundação Sarney, acusando-me de nela ter funções administrativas e ter negado isto desta tribuna. link

Como presidente vitalício, posto que lhe é conferido pelo estatuto da fundação, Sarney tem responsabilidades sobre a entidade. A Fundação José Sarney desviou dinheiro recebido da Petrobrás para empresas fantasmas e para empresas da família Sarney


Quero mostrar o que me faculta o Estatuto da Fundação, pelo parágrafo único do art. 19. Está ali: “É assegurado ao instituidor delegar total ou parcialmente, por prazo determinado, os poderes que lhe são conferidos por este Estatuto.” E eu, na condição de instituidor, Presidente vitalício e Presidente do Conselho Curador da Fundação da Memória Republicana, com fundamento no parágrafo do art. 18, delego, pelo prazo de cinco anos, ao advogado José Carlos Sousa e Silva - porque tinha que ser delegado, e ela foi renovada de cinco em cinco anos -, inscrito na Ordem, os poderes a mim conferidos por este Estatuto. A Fundação, Srs. Senadores, não é uma coisa feita de escondido. É uma grande obra, basta ver que, no ano passado, ela foi visitada por 137 mil pessoas que assinaram no seu livro de visita. Está aqui o folder do que é a Fundação. E mais do que isto: quero dizer que é um dos pontos turísticos, estão aqui os Senadores do Maranhão que podem provar. O Senador Mão Santa já visitou também. E está aqui o folder da Fundação onde diz: Instituidor, José Sarney; Presidente, José Carlos Sousa e Silva. ...Presidente: José Carlos de Souza e Silva. Então, nunca tive nenhuma função administrativa na fundação fundada por mim. Essas são as provas que estão sendo mostradas aqui. Quero comentar também outras notícias sobre a minha família que nada tem a ver com o Senado. Estavam discutindo, sou Senador e estou sendo representado como decoro parlamentar, mas, colocaram minha família que nada tem a ver com o Senado. E acusaram-me, numa campanha pessoal, de favorecer o namorado da minha neta por um ato secreto, nos trechos dos diálogos divulgados de maneira ilícita, porque ninguém pode fazer isso, gravar alguém e pegar uma conversa interlocutória e divulgá-la sendo segredo de justiça com o objetivo do processo, quanto mais com outra pessoa, e ainda mais com um Senador da República, que tem foro privilegiado pelo Supremo Tribunal Federal. De modo que é uma ilegalidade, além de ser uma brutalidade, que hoje é comigo, mas, amanhã pode ser feito com qualquer um dos Senhores. Nos trechos dialogados, divulgados de maneira ilícita, verifica-se que se trata de conversas coloquiais entre familiares, que nada tem a ver com processo de segredo de justiça e, pela lei, deveriam ser eliminados. Não há nelas qualquer palavra minha, mesmo nessa gravação, em relação à nomeação por ato secreto. É claro que não existe o pedido de uma neta; se pudermos ajudar legalmente, qualquer um de nós não deixa de ajudar. link

Sarney se referia, especificamente, a gravação feita durante a Operação Navalha, que investigou o empreiteiro Zuleiro Veras, dono da construtora Gautama. No discurso, tentou generalizar a suspeita. Não há nenhum questionamento sobre as gravações em que ele se refere à contratação do namorado da neta, feitas em outra operação


A pessoa indicada era competente, formado em Física, pós-graduado e sempre trabalhou com assiduidade...
e recebe elogios dos seus chefes nesta Casa. Sou acusado de ter recebido outra coisa, falta de decoro parlamentar: auxílio-moradia do Senado por sete meses. O auxílio-moradia é legal, é direito dos Senhores Senadores. Muitos dos Senadores recebem auxílio moradia, mas, por uma questão própria, pessoal, eu não quis aceitar auxílio-moradia, e depositaram em minha conta, e eu mandei estornar esses depósitos, mandei estornar, não estava indenizando. Agora, quero mostrar aos senhores os métodos que foram adotados. Não encontrando nada contra mim, então faltando - acho - notícia, querendo generalizar - os senhores vão ficar pasmados - fraudaram a fita que distribuíram aos jornais e incluíram o meu nome com a voz de uma outra pessoa, link

O senador não usa o termo ato secreto. Mas foi por ato secreto que, depois de seu empenho pessoal, o namorado da neta foi nomeado


que passa no diálogo pensando que é um interlocutor dizendo: “Eu vou, estou indo para a casa do Sarney”, e aí me colocaram como sendo um homem que participava da Operação Gautama do Sr. Zuleido Vera. Se eu já vi Zuleido Vera três ou quatro vezes na minha vida, foi muito e nunca tive intimidade, nunca frequentou a minha casa, mas fraudaram e colocaram. Isso foi feito numa perícia feita pelo Sr. Molina, o grande conhecido perito nesse assunto. “O negócio não está solto, não. Já, no dia 9, vai chegar à casa do Sarney já, já”, essa palavra não é dele... É outra voz que foi enxertada na fita para que eu pudesse então colocar-me dentro desse problema. Está aqui e ele também disse: “a voz que diz a frase relativa ao Senador José Sarney é a voz de quem se identifica como Zuleido na conversa telefônica, não pertence ao mesmo interlocutor. Mais ainda, no laudo completo ele prova e mostra a mudança de ciclagem tecnicamente, como está comprovado. No entretanto, isto foi feito. Para quê? Se foi feito nisso, quantas dessas gravações que publicaram aí não foram montadas? Quantas? Alguém pode dizer, afirmar que não se procede? E onde foram montadas? Quem é responsável por isso? Nós não temos, nenhum de nós - hoje é impotente - para saber exatamente esse tipo de processo que se usa. Mas a campanha não fica só aí. Eu quero também dizer ao Senado uma coisa lamentável. Nessa busca foram atrás do sujeito, da pessoa a quem eu vendi minha fazenda em 2002, Sr. Geovani. E um jornalista, credenciado aqui no Senado, chega no seu escritório agredindo, chamando: “O Senhor é “laranja” do Sarney, confesse!” e rouba os papéis que estavam em cima da mesa dele e sai correndo. e sai correndo. Pois bem. Isto está gravado aqui - porque o senhor, como o Sr. Giovani, tem gravação de TV em seu escritório, a cena foi filmada e não deixa dúvida. São esses os métodos que se faz numa campanha dessa natureza. Este não é um método de Deotonlogia - da profissão - e eu acredito que todos os jornalistas que estão ali jamais concordariam com isto. Mas eu decidi porque é do meu temperamento. Eu fiquei estarrecido com isto. Pensei se deveria exibi-lo mais aqui, mas decidi que eu iria ser arrastado ao nível do debate que eu tenho criticado e que não é do meu feitio. Pelo bem de todos, quero sair em respeito à imagem das pessoas. Não vou, portanto, publicar mas dizer que isto ocorreu e se alguém duvidar e se colocarem na minha palavra, eu colocarei à sua disposição em minha defesa mas não vou divulgar porque não quero ofender criatura humana nenhuma, colocando-a em dificuldade aqui. Acredito, no entanto, que o que houve foi da maior gravidade. É uma demonstração em até que ponto foi levado essa guerra contra a minha pessoa. Devo registrar, por uma questão de justiça, que o veículo informado da conduta do repórter, não utilizou os documentos que ele furtou. Assim, Srs. Senadores, não está se desejando melhorar e nem pensando no Senado mas se está numa campanha pessoal, sem respeitar a minha privacidade, os meus 55 anos de vida público, de serviços prestados a este País e a este Senado de muitas e cruéis lutas. Meus 55 anos de vida pública, de serviços prestados a este País e a este Senado, de muitas e cruéis lutas, graças a Deus, sem nódoa nenhuma. São essas as graves acusações que pesam sobre a minha pessoa e merece a minha quebra de decoro parlamentar. Eu quero resumir, em nenhum momento da minha vida faltei ou faltarei com o decoro parlamentar, logo eu que prezo a liturgia, porque decoro é conduta, cidadão de vida ilibada, de hábitos simples, ter falta de compostura e de decoro? Nunca eu acho que poderia alguém me acusar de uma coisa dessa natureza. Não favoreci neta ou neto meu, não abusei da minha autoridade ao requisitar o envio de seguranças para a minha residência, não menti ao dizer que não tinha responsabilidade por atos administrativos na Fundação José Sarney. Sou, isto sim: vítima de uma campanha sistemática e agressiva. Humildemente, como é do meu feitio, peço aos meus Colegas que me julguem pela minha conduta austera, sem arrogância, respeitando todos e com todos mantendo boa convivência e não pelas mentiras, pelas calúnias, pelas montagens, como se acaba de ver, pelas acusações levianas de desrespeito às pessoas. Peço justiça, para que possamos sair da crise e voltarmos nesta Casa ao ambiente de tranquilidade. Esta, na razão da minha personalidade, é o meu apelo, é a minha mensagem. Não vou mudar! Não vou mudar. O meu apelo é a volta de uma convivência pacífica entre nós. O que não posso aceitar é a humilhação de fugir das minhas responsabilidades sem me dar outra solução senão aquela de me humilhar, de me submeter à humilhação pública perante o País. No meu último discurso, falei em vencer a injustiça pelo silêncio, mas me lembrei de Clemenceau, um grande estadista francês que dizia que é muito mais difícil lidar com o silêncio do que com as palavras. Que a paz seja restaurada nesta Casa, que o ódio e a paixão política não nos façam perder a razão. Cito, para terminar, palavras de uma jovem, de uma moça neurocientista, Ana Carolina, num livro que publicou, em que diz que obedecer à consciência, à sua consciência, é honrar a vida. É um trabalho sobre o cérebro. Ela diz: “É um tempo difícil, eu sei. Qualquer entre luz transeunte é percebida como a mais intensa escuridão, mas segure, aguente, persista, resista, encontre qualquer ponto de força que ainda more dentro de você. Você é amado também por muitas pessoas”. Minha força não é o desejo de poder. Este cargo não me acrescenta nada senão agruras, injustiças, decepções e trabalho, mas minha certeza de que nada fiz de errado, a minha fé e a minha crença de que as Senhoras e os Senhores Senadores são justos - e a convivência faz conhecer as pessoas, nós nos conhecemos uns aos outros - ajudar-me-ão a reconstruir a paz e a harmonia no Senado, sendo julgado com espírito único de justiça. Muito obrigado. (Palmas.)

Sarney com os aliados Renan Calheiros e Fernando Collor. Foto: Celso Junior/AE

Veja também:
link Duque arquiva as quatro primeiras ações contra José Sarney link Sarney não renuncia e diz que é vítima de campanha da mídia link Conselho de Ética arquiva ações contra Sarney e Calheiros link Ouça o discurso do presidente do Senado link A trajetória política de José Sarney link O bate boca entre Renan Calheiros e Pedro Simon link Fernando Collor manda Pedro Simon engolir o que disse

terça-feira

Órgãos internacionais de imprensa protestam contra censura

Entidades de defesa da liberdade de expressão classificam como inconstitucional proibição ao 'Grupo Estado'

Roberto Almeida - O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - Entidades internacionais de defesa da liberdade de expressão, como Sociedad Interamericana de Prensa (SIP), International Federation of Journalists (IFJ) e Artigo 19, classificaram como "inconstitucional" a decisão do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, que determinou censura prévia ao Estado. Todas condenaram a proibição de divulgar irregularidades referentes à família Sarney.

A SIP, uma das principais entidades de defesa da liberdade de expressão do mundo, fundada em Washington, nos EUA, em 1926, congrega 1.400 publicações. Seu presidente, Enrique Calderón, editor do jornal El Tiempo em Bogotá, na Colômbia, protestou contra a censura ao Estado.

Em nota, ele disse lamentar "que a Justiça brasileira se caracterize por proteger excessivamente os direitos das pessoas quando elas estão imiscuídas em temas de interesse público, como nesse caso, e deixe em segundo plano o direito de liberdade de expressão, condenando assim os cidadãos ao ostracismo".

"É um caso utópico de censura prévia, não porque afeta os meios de comunicação ao restringir suas reportagens sobre casos e pessoas públicas, mas porque quebra os princípios constitucionais ao negar ao público o seu direito de saber", criticou o presidente da SIP.

No mesmo tom, o presidente do comitê de Liberdade de Expressão da SIP, Robert Rivard, editor do San Antonio Express-News, nos Estados Unidos, frisou que a censura prévia "viola os padrões internacionais para a liberdade de imprensa, aos quais o Brasil aderiu, e as garantias estabelecidas em sua Constituição".

O coordenador da International Federation of Journalists (IFJ) para a América Latina, Gregorio Salazar, recebeu com indignação, em Caracas, na Venezuela, a notícia de censura ao Estado. "Mas isso é um absurdo", afirmou.

Salazar redigiu o comunicado oficial da IFJ, entidade fundada em 1952 que conta hoje com 600 mil membros em 100 países. O texto de Salazar expressa "espanto e preocupação" ante a decisão judicial que ocasionou a censura.

"A IFJ exige pronta retificação desta medida, que pretende impedir a imprensa brasileira de informar sobre as irregularidades detectadas pela Justiça Federal, e manifesta sua preocupação porque a decisão obedeceu a conhecidos laços de amizade entre o juiz Vieira e a família Sarney", atacou a entidade.

Para a IFJ, a medida apresenta uma "clara imposição de censura prévia, e viola expressamente a Constituição brasileira e o artigo 13 sobre Liberdade de Pensamento e Expressão da Convenção Americana sobre Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA)." O artigo 13, redigido em cinco parágrafos, destaca em sua essência que "não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou particulares".

Expressou também "preocupação" a ONG Artigo 19, entidade de defesa de direitos humanos e liberdade de expressão, representada em 80 países. "Quando é de interesse público que uma informação seja divulgada, mais do que de interesse privado, ela deve ser divulgada", anotou a entidade, lembrando que foi "desrespeitado um direito fundamental garantido na Constituição."

especialNas páginas do Estadão, a luta contra a censura

linkCensura não intimidou em 68 e jornal foi apreendido

domingo

O BRASIL TÁ É LASCADO!


Cordel do poeta cearense Barros Alves

Nos meus dias já vividos
Eu vi muito coronel,
Da política e do quartel,
Coronéis empedernidos,
Vi coronéis destemidos
No singular e plural,
E com jeito de general!!!
Porém a coisa mais chula
É saber que o nosso Lula
É um coronel sindical.

- Meu principal fundamento, -
O Lula sempre dizia, -
É acabar com oligarquia
Em governo e Parlamento.
Eita bicho véi nojento
Como toda a sua grei!
Hoje se esquece da lei
Pra rei só falta coroa,
E vive mentindo à toa
E acobertando o Sarney.

Antigamente o Sarney
Era bandido e ladrão
Que veio do Maranhão
Onde era quase um rei.
Se o Sarney mudou não sei,
Mas o Lula está mudado
Agora vive encangado
Com chefe de falcatrua
E grita no meio da rua:
- Sarney é injustiçado!!!

Feito abestado eu votei
Pra botar o LULA-LÁ,
Peço perdão a Alá
Pois votei foi no Sarney,
Com o Lula me enganei
E não sei pra quem apelo,
Fiquei roxo e amarelo
Ao ver televisionado,
Juntinho e bem abraçado,
O Lula e Collor de Melo.

Me lembrei do Diassis
Ex-CUT do Ceará,
Quase morreu de apanhar,
Peia com direito a bis.
Mas apanhou porque quis,
Por agredir presidente,
O Collor, moço decente,
Que hoje está assim com o Lula,
Os dois juntos, dupla fula,
Botando no c… da gente.

Diassis sempre foi ente
Da gema lulo-petista,
Agora é capitalista
Igual a Collor de Melo,
E já bateu o martelo,
Não quer mais saber de greve,
Com ele ninguém se atreve
Fazer esculhambação
E se falar do Maranhão
A peia não vai ser leve.

Acabou-se a ilusão
Com o PT e com Lula,
Só se for mesmo uma mula
Sem juízo e sem razão,
Ou mensaleiro ou ladrão
Pra acreditar nesta gente
Que além de perdulário
Já meteu a mão no Erário,
E rouba, falseia e mente.

Do jeito que a coisa está
O Lula faz o que quer,
Faz homem virar mulher
E tatu virar gambá,
Mas pro povo é Lula-lá,
O povão lhe dá guarida
E lhe entrega a própria vida
Esquecendo o seu passado
Dando razão ao ditado
Que o povo é massa falida.

O Brasil tá é lascado
E a culpa é do PT,
Só quem é cego não vê
Todo este sarrabufado
De mensaleiro e viado,
Caloteiro sem estudo,
Mas o povo fica mudo
Ante tanto picareta
Fazendo tanta mutreta
Tomando conta de tudo.