quarta-feira

Palestino na Parada



O Ministério da Defesa precisará de argumentos indefensáveis para justificar por que a Presidência da República resolveu contratar, por exatos R$ 2 milhões 202 mil 975 reais e 60 centavos, uma “empresa especializada para a realização logística das ações comemorativas da Semana Cívica e do Desfile de 7 de Setembro”. Chama-se João Palestino Eventos a empresa terceirizada para substituir as Forças Armadas em sua tradicional missão. A firma, do interior de Goiás, é especializada na promoção de rodeios a vaquejadas. Seu dono é o empresário Sidney Farina.

A empresa já esteve envolvida na acusação de superfaturamento em serviços – conforme denúncias no Tribunal de Contas de Goiás. Artigo completo em http://alertatotal.blogspot.com/

Foto: Fábio Pozzebom/ABr - Fuzileiros navais participam de desfile de 7 de setembro 2006 na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

sábado

Fábio: o filho do homem

Do Estado de S. Paulo

A prevalecer a determinação do procurador da República Rodrigo Ramos Poerson, a Delegacia Fazendária da Polícia Federal do Rio deverá intimar para prestar depoimento Fábio Luiz da Silva, filho do presidente Lula, e o auditor e consultor de empresas Antônio Marmo Trevisan para explicarem o contrato firmado entre a Gamecorp e a Telemar.

Foi Poerson quem, a partir de um requerimento aprovado pela Câmara Municipal de Belém (PA), por iniciativa do vereador Iran Moraes (PSB), determinou a investigação do contrato firmado entre as duas empresas. O político paraense, com base em noticiário de jornal, apresentou aos demais colegas a proposta de requerimento à Procuradoria da República solicitando investigação, que foi aprovada em plenário.


“Eu juntei documentação que consegui no noticiário da internet sobre o contrato das duas empresas. Achei estranho que uma empresa com capital de menos de R$ 500 mil firmasse um contrato de R$ 4,9 milhões com a Telemar. Certamente a Telemar está buscando algum favor no governo do presidente Lula”, explicou o vereador.


No seu pedido (ofício 246/2006), o procurador justifica a investigação dizendo que “desproporcional aporte de recursos financeiros estaria sendo direcionado à empresa Gamecorp, única e exclusivamente em razão de contar com a participação acionária do filho do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luiz da Silva”.


Apesar de aprovado em fevereiro de 2006, o documento só foi encaminhado à Polícia Federal do Rio em 18 de outubro. No último dia 29 de julho é que o inquérito policial 1.267/2007 foi instaurado na Delegacia Fazendária. A demora na abertura da investigação foi decorrência do acúmulo de serviços que a delegacia tinha e da pequena equipe disponível, reforçada no final do ano.


O primeiro passo do delegado encarregado do inquérito, Júlio Cesar Rodrigues, foi requisitar à Gamecorp, à Telemar e à Junta Comercial documentos relacionados à empresa e ao contrato em si. Somente depois que estes documentos lhe forem entregues é que ele avaliará se cabe à Polícia Federal no Rio fazer a investigação.


O inquérito foi encaminhado esta semana à Justiça para ser distribuído a uma das oito Varas Criminais Federais do Rio. É com base no número do inquérito e na Vara em que ele for tramitar que será definido o procurador da República que irá acompanhar. O caso não necessariamente ficará a cargo do procurador Poerson.


GAMECORP

A Gamecorp nasceu com capital de R$ 10 mil, em 2004. No ano seguinte, mesmo com um prejuízo de R$ 3,4 milhões, houve a operação de compra de parte da empresa pela Telemar. Os sócios originais aumentaram o capital da companhia em mais R$ 2,7 milhões. A Telemar injetou outros R$ 2,5 milhões na empresa, para adquirir exclusividade sobre seus projetos e produtos. Em 2006, apesar do prejuízo do ano anterior, a Telemar destinou mais R$ 5 milhões à Gamecorp, dessa vez como verba publicitária. A Gamecorp faz programas para o público jovem e aluga espaço na grade da PlayTV, antiga Rede21, da TV Bandeirantes.

Metástases e Metáforas


Por Alfredo Guarischi, Cirurgião Oncológico, RJ

Esta demais. Não saber de nada não é verdade, bastando apenas consultar declarações antigas publicadas em jornais, relatórios do Tribunal de Contas da União e até - perdoe-me - a consciência. Dar opinião quando tem que dar ordem não é aceitável, para quem exerce a chefia. Ninguém comanda sem equipe. Só se nomeia quem está tecnicamente preparado e que se possa demitir, sem constrangimento. Agora falar em metástase como metáfora foi terrível. Uma grande maldade com os pacientes oncológicos.

Eu não deveria comentar sobre política, mas como oncologista estou recebendo muitas indagações de pacientes aflitos.

Metástases podem ser tratadas e a sobrevida dos pacientes pode ser longa. Tumores podem matar sem dar metástase. Portanto não é adequado comparar oncologia com política. Câncer tem cura, em várias situações. A política nacional é que está muito mal.

Senhor presidente a imprensa não o está perseguindo, mas o senhor está falando o que não deveria, pois está alarmando pacientes. Pelo poder que o senhor tem – chefe da nação – TUDO que o senhor fala é noticiado. A sua afirmação foi infeliz e deixou pessoas, que ainda têm esperança com os tratamentos, ainda mais fragilizadas.

Governe o país, para o qual o senhor foi reeleito pela grande maioria da nação. Em questões de saúde deixe seu atual ministro da saúde falar. Ele é um técnico e bem preparado.

A medicina está evoluindo e em todo país existem centros de oncologia – públicos e privados – que oferecem tratamento para doença metastática de modo correto e não diferente dos mais respeitáveis centros estrangeiros. A maioria do nosso povo vai continuar a ser tratada pelos nossos médicos. E vai ser bem tratada.

Metástases podem ter cura, assim como o câncer sem metástase. Metáforas podem ser mais perigosas que metástases.