terça-feira

PT no governo afunda o país



Gasto com pessoal pesa nas contas do Tesouro: Governo central tem déficit em fevereiro, primeiro em 12 anos

Saldo negativo de Tesouro, Previdência e BC soma R$ 926,2 mi, com alta nas despesas e queda nas receitas

O governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou um déficit primário - receitas menos despesas, sem considerar o pagamento de juros da dívida - de R$ 926,2 milhões em fevereiro, segundo os dados divulgados nesta terça-feira, 31, pelo Tesouro. O saldo negativo é o primeiro registrado em um mês de fevereiro, segundo a série histórica do Tesouro Nacional, iniciada em 1997. Em fevereiro de 2008, o governo central teve um superávit de R$ 4,088 bilhões.

No primeiro bimestre do ano, o superávit primário foi R$ 17,530 bilhões menor que no mesmo período de 2008. Os dados do Tesouro indicam uma deterioração do esforço fiscal do governo nos dois primeiros meses de 2009. O superávit primário do Governo Central caiu de R$ 20,579 bilhões (4,63% do PIB) no primeiro bimestre de 2008 para R$ 3,049 bilhões (0,65% do PIB) nos dois primeiros meses deste ano.

O resultado ruim foi gerado por um aumento nas despesas e uma queda nas receitas. Enquanto no primeiro bimestre de 2008 as despesas estavam crescendo a 14,8%, em 2009, no mesmo período, o ritmo de crescimento subiu para 19,59%. Por outro lado, as receitas do governo central despencaram. Se no primeiro bimestre de 2008, as receitas cresciam 20,4% ante mesmo período de 2007, agora registram uma queda de 3,05%.

Entre as despesas, o maior aumento foi com gastos com pessoal, que subiram 25,36%, em relação ao primeiro bimestre de 2008. Nessa conta estão incluídos o pagamento de precatórios e a reestruturação de carreiras e aumento salarial dos servidores. Também aumentaram em R$ 700 milhões as despesas com subsídios decorrentes da política de preços agrícolas.

Os gastos com custeio e capital (investimentos) cresceram 23,69%. Segundo documento distribuído pelo Tesouro, a redução do resultado primário do governo central, em fevereiro, está associada ao comportamento sazonal das receitas tributárias, em janeiro.

O Tesouro classifica como fatores sazonais, o recolhimento, em janeiro, da primeira cota ou cota única do IRPJ e da CSLL e da cota-parte de compensações financeiras, relativo aos fatos geradores apurados no último trimestre de 2008. Também atribui a queda da receita de fevereiro à concentração da arrecadação decorrente de juros remuneratórios sobre capital próprio em janeiro, com impacto no IRRF, sobre rendimentos de capital e remessas ao exterior, sem contrapartida em fevereiro, e ao maior volume de vendas no mês de dezembro, com impacto na arrecadação da Cofins em janeiro e também sem contrapartida em fevereiro.

No sentido contrário, afirma o Tesouro, houve o ingresso de R$ 1,3 bilhão de dividendos em fevereiro, o que não ocorreu no mês de janeiro.

Investimentos

O superávit caiu, e o governo não conseguiu manter o mesmo ritmo de crescimento dos investimentos do ano passado. Os investimentos pagos no primeiro bimestre cresceram 14%, passando de R$ 2,375 bilhões no primeiro bimestre de 2008 para R$ 2,704 bilhões no mesmo período de 2009. Em 2008, no primeiro bimestre, o crescimento era de 18% em relação aos dois primeiros meses de 2007.

Os investimentos incluídos no Projeto Piloto de Investimentos (PPI) cresceram 22% no primeiro bimestre de 2009, passando de R$ 639 milhões (no primeiro bimestre de 2008) para R$ 778 milhões nesses dois primeiros meses do ano. Fonte: Renata Veríssimo e Adriana Fernandes, da Agência Estado /Estadão

Foto:oglobo/ arquivo

domingo

O fascínio da mentira


É fato que as pessoas mentem por necessidade, por prazer, para se auto-enganar. A mentira ocupa um lugar tão vasto nos relacionamentos sociais que dificilmente a verdade emerge por detrás da máscara da hipocrisia que encobre o caráter humano.

Tem mais. A mentira fascina e é tão amada quanto a verdade é insuportável. Por isso vencem os melhores especialistas em manipular ilusões. Que o digam os marqueteiros, os grandes negociantes, os pregadores, os políticos.

Mas, se mentir independe de classe, cor, sexo, religião, nível cultural, o palco da simulação mais evidente é o da política na medida em que, é no espaço público que as relações de poder são realizadas ficando mais evidentes para toda sociedade.

Os políticos sabem que quanto mais mentem, mais são admirados pela massa sequiosa de sonhos e de esperança. Daí o uso intensivo da propaganda, as promessas mais absurdas, os discursos descolados da realidade.

Se o poder é a única meta tudo vale para alcançá-lo e mantê-lo. Isso explica por que nas disputas eleitorais e, depois, nos salões palacianos, vigora a traição, a hipocrisia, a dubiedade de comportamentos sempre revestidos de falsa moral, a inexistência de lealdade, as falsas juras, em suma: a mentira.

Portanto, políticos são humanos e não semideuses, guias geniais, super-homens. Contudo, os povos, uns mais outros menos, têm necessidade de ser conduzidos, de adorar um ídolo, de se submeter ao chefe. Indo ao encontro dessas aspirações, políticos constroem a imagem do grande homem que mostra o caminho, do pai benemérito armado de castigo ou de recompensa.

O Brasil não é imune aos embustes da política. Pelo contrário. Além do mais, adoramos o teor carnavalesco dos comportamentos de nossos governantes. Nossa democracia tem algo de circo, de trio elétrico, de escola de samba.

Coisas muito sérias não nos chamam atenção. Lideranças sisudas, técnicas, excessivamente competentes, refinadas culturalmente não fazem sucesso ou o fazem no âmbito restrito da minoria. Afinal, são políticos debochados é que alcançam êxito.

Essas características que sempre existiram são marcantes na época atual em que vigora a perda de valores, a superficialidade das relações sociais, a decadência das instituições condicionadoras de comportamentos, a exaltação da vulgaridade.

A partir desse breve enfoque é possível compreender melhor o sucesso de um presidente como Lula da Silva. Capaz de oscilar entre os personagens de animador de auditório e defensor dos pobres e oprimidos, ele se adequa ao psiquismo brasileiro. E quanto mais mente, sem ter oposição que o desminta, mais amplia sua popularidade.

Entre as mentiras mais espetaculares e de maior sucesso do presidente se pode citar a “marolinha”, referência aos efeitos do baque da economia mundial sobre o Brasil. E no rastro dessa ondinha, “que não dá nem para surfar”, veio outra potoca de teor ufanista e eleitoreiro: “nossas instituições são tão sólidas, que se a marola chegar aqui não se converterá, como em outros países, em Tsunami”. Acudindo o chefe, o ministro Guido Mantega proclamou que iríamos crescer 4% ou mais em 2009.

A realidade, contudo, é implacável. Não deu mais para camuflar a situação e o PIB do último trimestre do ano passado despencou 3,6%. Segundo economistas, este resultado pode sinalizar para um PIB negativo em 2009.

Além do mais, desmentindo a fortaleza de nossas instituições, o resultado brasileiro foi o pior entre os países do Bric (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China). Não crescemos como devíamos durante a calmaria internacional, porém, em 2008, apesar da freada na economia mundial a China cresceu 9,7%, a Índia 7,3%, a Rússia 6,2%, enquanto o Brasil amargou apenas 5,1%.

Ficamos também abaixo do crescimento dos seguintes países: Eslováquia 7,4%, Argentina 6,5%, Indonésia 6,1%, Venezuela 6,0%, Malásia 5,8%, Polônia 5.2%, África do Sul 5.2% (Fontes: dados elaborados pela Austin Rating cm base em informações do FMI, OCDE e BC e publicados pela Folha de S. Paulo de 11/03/2009).

Eleitoralmente Lula da Silva continuará se mantendo como o otimista da piada que, tendo pulado do 10º andar, ao passar pelo 2º andar ainda diz: “até aqui tudo bem”. Ele seguirá com patranhas, dizendo que fará um milhão de casas para dar aos pobres, induzirá as pessoas de forma irresponsável a gastar, comprará votos com as bolsas esmola e usando e abusando do poder econômico e político em favor de sua candidata Dilma Rousseff.

Algo, porém, é intrigante. Seja lá quem for que ganhe a eleição presidencial vai amargar as conseqüências econômicas mundiais, assim como a herança maldita deixada pelo governo petista. Então, o PT fará o que sabe fazer: oposição implacável visando a destruição deste próximo presidente o que preparará a volta triunfal de Lula da Silva, o salvador da pátria.

Como as ideologias evaporaram e não existe mais direita ou esquerda, mas o lado de cima, para Lula melhor que ganhasse, por exemplo, José Serra (PSDB). Será, então, a candidatura de Dilma Rousseff mais um conto da carochinha? O tempo responderá aos sempre fascinados eleitores.

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
Fonte

sexta-feira

Lula errou o nome da rainha e a piada velha do "en passant"

"crasse é crasse né creusa!"

Em discurso improvisado e bem-humorado ontem, em uma inauguração de uma escola técnica em Cabo Frio (RJ), o presidente Lula errou o nome da rainha da Inglaterra, disse que trocou o "menas laranja" por "en passant" e provocou o atacante corintiano Ronaldo, dizendo que ele teria de jogar por mais três horas para marcar um gol na sua estreia.

Lula trocou o nome da rainha da Inglaterra, Elizabeth 2º. Após ressaltar que o problema da educação exige o comprometimento dos Estados e municípios, fez referência à monarca para elogiar iniciativa do governo do Rio.

"Na semana passada eu vim ao Rio e fui lá na favela em Manguinhos com o [governador] Sérgio Cabral. Inauguramos uma escola (...) que, se eu levar a rainha Margareth da Inglaterra, ela vai pensar que é uma escola de Londres, de tão bonita que é", disse.

Sem se dar conta do erro, Lula prosseguiu o discurso normalmente.

Lula citou seu caso para exemplificar a importância da educação. "Vocês sabem a quantidade de preconceito lançado contra mim. Diziam que eu não tinha competência para governar o Brasil porque não falava direito, porque eu falava "menas" laranja. Hoje falo até "en passant" [expressão francesa que significa de passagem]."

Torcedor do Corinthians, Lula ironizou a estreia de Ronaldo na vitória por 2 a 0 contra o Itumbiara anteontem. "O Corinthians está bem, contratou o Ronaldão. Viram que ele estreou ontem e quase marcou um gol. Mais umas três horas de jogo e ele teria marcado", disse e completou: "Ou não aguentaria jogar as três horas". (Folha)

Lula descarta corte de gastos contra a crise

Ribamar Oliveira, BRASÍLIA

Lula disse ontem que a crise financeira internacional não será vencida com o contingenciamento das verbas orçamentárias, com o corte de gastos ou com o corte de salários, mas com ousadia, com investimentos e com disponibilidade de crédito. "Nós não teremos medo de dizer em alto e bom som: tudo o que tem que acontecer nessa crise, não é o presidente da República se trancar em seu gabinete, os ministros resolverem fazer contingenciamento cada vez maior, cada vez gastar menos, cortar salários, em nome de que a gente vai vencer a crise. Não", afirmou o presidente, durante discurso na abertura de um seminário realizado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Estadão

E agora, Lula?

"O governo aumentou o salário dos funcionários, aumentou o número de funcionários, aumentou o bolsa família. Agora, com a crise e a redução de impostos, quer que o governo siga gastando. Como fará isso? Cortando a grana dos municípios, dos estados, dos aposentados, da saúde miserável? Ou, simplesmente, fazendo de conta que nada está diferente do passado recente? E seguir propagandeando um pac que está paralisado, que incluiu até investimentos privados e que não passa de nuvem de fumaça?" Pobrepampa)

"Dúvido fosse o Lula, pessoa normal,falaria tal asneira. Como sempre viveu às custas dos outros, desde os tempos de sindicalista,está mais do que acostumado a usufruir do trabalho de terceiros para se sustentar e como nunca trabalhou, não tem idéia do que é sutentar um lar e uma família. Pior é o povo que não percebe isso e julga ser ele capaz para dirigir uma nação - quando não tem nem mesmo capacidade para dirigir time de futebol de botão". (jrfacin)

Aliança espúria



A vitória do senador Fernando Collor (PTB-AL) sobre a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), na conquista da presidência de uma das mais importantes Comissões do Senado - a da Infraestrutura, que examina questões ligadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), maior trunfo político e eleitoral do governo Lula -, causou indignação e revolta nos que viram nisso manobra desleal do PMDB, rompendo a proporcionalidade regimental da representação dos partidos.

O senador Aloizio Mercadante, por exemplo, depois de um azedo bate-boca com o líder peemedebista Renan Calheiros (AL), desabafou: "Foi uma aliança espúria que interferiu no direito legítimo e democrático do PT." Não que isso tenha deixado de ocorrer, mas o fato é que "aliança espúria" é a própria estrutura de sustentação político-parlamentar do governo federal, montada à custa do mais fisiológico toma-lá-dá-cá. Quando se imaginaria, há poucos anos, que Sarney, Collor e Lula acabariam politicamente amalgamados em torno da força agregadora de Renan?

O fato de o Partido dos Trabalhadores (PT) ter sido fragorosamente derrotado pelo próprio Planalto, de sua combativa ex-líder ter sido desalojada por manobra conduzida por quem ela defendera, com ênfase solidária (e solitária) em 2007 - quando Renan renunciou à presidência do Senado para não ser cassado -, de o ex-presidente Collor ter recebido os mais rasgados elogios do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, homem da maior confiança do presidente Lula, tudo isso fica em segundo plano como subproduto do nível ético que prevalece em certos círculos políticos, tão bem descritos nos recentes pronunciamentos do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Nesse quadro, o Senado tem sofrido um desgaste de imagem não comparável a qualquer outro período de sua existência. E que melhor símbolo haveria, para demonstrar isso, do que o ressurgimento triunfante do ex-presidente Fernando Collor de Mello, nas circunstâncias em que se deu?

Tudo isso são componentes do imbróglio que tem impedido a Casa de iniciar seu funcionamento neste ano - já entrado março, nada foi discutido ou votado -, resultante dos "acertos" - feitos e não cumpridos - para garantir a eleição de Sarney para presidir o Senado.

Quando o ex-presidente (da República e do próprio Senado) José Sarney resolveu entrar na disputa pela direção da Casa, causou a ruptura do acordo anteriormente celebrado entre seu partido, o PMDB, e o PT, em torno do apoio ao candidato petista Tião Viana (AC). Ao mesmo tempo, deixou a ver navios (afundados no Planalto) seu correligionário Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), que nem tivera tempo de usar os cinco ternos novos comprados para exercer a presidência da Casa - cargo em que até surpreendentemente estava se saindo bem, demonstrando alguma independência em relação ao governo -, ninguém, em sã consciência, julgava que o senador maranhense do Amapá impunha sua candidatura apenas pelo prestígio obtido junto a seus pares, em sua longa carreira política. Em obediência à franciscana tradição do "é dando que se recebe", sabia-se muito bem que estavam sendo transacionadas as barganhas que levariam à vitória de Sarney.

Mas é claro que, especialmente numa Casa Legislativa onde não há novatos na política - antes pelo contrário - as cobranças dos acertos haveriam de vir, e fortes. Como houve mais promessas de cargos na Mesa e nas 11 Comissões temáticas do Senado do que a quantidade real desses cargos, alguns senadores e bancadas partidárias, que apoiaram Sarney em troca das promessas, sobraram. E veio o pandemônio, pois no Senado não vigora o costume de se deixar barato o prometido e não cumprido.

Logo de saída, "rifou-se" o senador Garibaldi Alves Filho, a quem havia sido prometida a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos - para dá-la ao PT -, sendo-lhe oferecida, como prêmio de consolação, a Comissão Mista de Orçamento. Mas ele rejeitou o arranjo: "Estou me sentindo como marido traído, sou o último a saber." Não estava sozinho nessa incômoda posição, como viria a constatar a ex-líder do PT Ideli Salvatti, atropelada pelo rolo compressor dirigido por Renan Calheiros, o novo condestável do Senado. (Editorial/Estaão)