sábado

mobilização em favor de Serra na rede

site pela mobilização em favor de Serra na rede

terça-feira

"A TELEFONIA À MODA PETISTA"

José Dirceu ao lado do assessor da presidência, Marco Aurélio Garcia, (top-top) no congresso do PT (Foto: Dida Sampaio/AE)

"Nova" Telebrás beneficia cliente de José Dirceu

O ex-ministro e deputado cassado José Dirceu recebeu pelo menos R$ 620 mil do principal grupo empresarial que será beneficiado caso a Telebrás seja reativada, como promete o governo, informa a reportagem de Marcio Aith e Julio Wiziack publicada nesta terça-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal ou do UOL).

O dinheiro foi pago entre 2007 e 2009 pelo empresário Nelson dos Santos, dono da Star Overseas, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Em 2005, Santos havia comprado participação de 49% na empresa Eletronet pelo valor simbólico de R$ 1. Praticamente falida, a Eletronet era dona de 16.000 km de cabos de fibra óptica ligando 18 Estados, o que não cobria suas dívidas, estimadas em R$ 800 milhões. Após Santos contratar Dirceu, o governo decidiu usar as fibras ópticas da Eletronet para reativar a Telebrás e arcar sozinho com a caução judicial necessária para resgatar a rede, hoje em poder dos credores. Estima-se que o negócio renda ao empresário R$ 200 milhões. Segundo Santos, o dinheiro pago a Dirceu não se destinou a lobby. O ex-ministro não quis comentar.


SABER MAIS...

"LEMBRAM-SE DA TELEBRAS? NÃO FALEI QUE CHEIRAVA A CARNIÇA?"

"ESTÁ PINTANDO UM ESCÂNDALO GIGANTESCO NA TELEBRÁS! OU: A TELEFONIA À MODA PETISTA"

O ''carnaval vermelho''

Editorial Estadão

"Já que não podemos ocupar, queremos denunciar à sociedade que são terras públicas, griladas, ou fazendas improdutivas que devem ser destinadas para a reforma agrária" (José Rainha Júnior, invasor de 70 fazendas durante o carnaval)

Certamente o emessetista dissidente José Rainha Júnior julga ter credibilidade suficiente para que sua "denúncia" seja prontamente acatada pela sociedade).


O Movimento dos Sem-Terra (MST) tem se mantido rigorosamente fora da legalidade, sem registro de pessoa jurídica ou de quaisquer outros que lhe confiram existência oficial, como estratégia para não ser atingido pelas consequências dos atos criminosos que pratica, e para não ter de prestar contas das verbas públicas que recebe, por meio de entidades "laranjas". Essa estratégia, porém, tem seu preço. Esse movimento dito "social" não tem meios de impedir que dissidentes ou grupos que se organizem para praticar esbulhos possessórios, depredar ou devastar fazendas, como habitualmente faz o MST, utilizem seus símbolos e bandeiras, encampando sua "marca", mesmo à revelia de suas lideranças. É isso o que tem feito o dissidente José Rainha Júnior.

Na ação que chamou de "carnaval vermelho", pretendia montar acampamentos na entrada de 61 fazendas nas regiões do Pontal do Paranapanema e Alta Paulista, atingindo 36 municípios. Mobilizando cerca de 5 mil pessoas e utilizando caminhões, carros e ônibus, a operação de Rainha ultrapassou suas expectativas e atingiu 70 fazendas, com novos acampamentos montados na região de Araçatuba. Segundo Rainha, era preferível acampar na entrada das fazendas - e não ocupá-las - porque o Incra está proibido, por lei, de desapropriar fazendas invadidas, dentro do programa governamental de reforma agrária. É, de fato, surpreendente, o "respeito" demonstrado por Rainha a esta lei, do tempo do governo FHC - destinada a desestimular o esbulho - e que não tem sido lá muito respeitada no governo Lula.

"Já que não podemos ocupar, queremos denunciar à sociedade que são terras públicas, griladas, ou fazendas improdutivas que devem ser destinadas para a reforma agrária", afirmou o emessetista dissidente, fazendo colocar na entrada das fazendas "denunciadas", misturadas com bandeiras vermelhas do MST, faixas com os dizeres: "Esta fazenda pertence à reforma agrária." Certamente Rainha julga ter credibilidade suficiente para que sua "denúncia" seja prontamente acatada pela sociedade. Mas, como a entrada de uma fazenda é de domínio público e ocupá-la significa impedir o livre trânsito das pessoas, a aceitação da nova estratégia nem sempre foi pacífica. Em pelo menos seis fazendas houve invasão efetiva, com derrubadas de cerca e tudo o mais.

Seguranças da Fazenda São João, em Mirante do Paranapanema, no Pontal, reagiram à ocupação da estrada de acesso à fazenda. O conflito - felizmente sem feridos - foi mediado pela Polícia Militar. O coordenador local dos sem-terra, João da Silva, afirmou que os "jagunços" contratados pela fazenda ameaçaram voltar à noite para "liquidar" os manifestantes. Contou que os homens tinham "armas compridas", possivelmente carabinas e espingardas. Mas a Polícia Militar informou que os seguranças portavam armas registradas e eram funcionários de empresa de segurança legalizada. Já a Fazenda Bandeirantes, em Salmourão, na Alta Paulista, obteve da Justiça uma liminar dada em interdito proibitório - medida judicial de proteção à propriedade - em razão de 200 emessetistas dissidentes estarem ocupando os limites da fazenda. Com essa medida, havendo descumprimento, a polícia pode ser acionada para prender os invasores.


É sintomático o fato de o líder Rainha Júnior ter criticado, especialmente, a circunstância de a liminar ter sido dada num dia em que o fórum estava fechado - ou seja, no feriado de carnaval. Isto significa que o dissidente Rainha, além de se utilizar dos mesmos métodos do movimento "original" dos sem-terra, também compartilha da mesma expectativa de impunidade. Esses grupos são iguais na violência e na crença de que a Justiça não funciona no campo, a propriedade rural não usufrui da proteção que lhe garante a Constituição e, em consequência, o esbulho possessório é iniciativa fácil e sem riscos, só dependendo da capacidade de arregimentar e organizar militantes para sua execução. Só que, como temos apontado nesta página, esse quadro está se alterando: a Justiça começa a se mostrar ativa no campo.

sexta-feira


A Serra o que é de Serra

Roberto Macedo

Duas recentes matérias de jornais afirmaram que Serra e Lula têm desempenho fiscal semelhante (Valor, dia 10, e este jornal, dia 11). Surpreso com seu teor, vi como fonte um estudo do economista-chefe do Santander, Alexandre Schwartsman, muito crível no setor financeiro e na área acadêmica. Perguntei-me: como veio essa conclusão, a contrariar o que até aqui diziam a imprensa e, na área federal, vários estudos de autores igualmente críveis?

Em Brasília está Lula, gastador-mor por convicção e pela ocasião dada pela bonança externa que marcou seu governo até 2008, a qual trouxe mais crescimento, mais tributos e evitou crises externas mais sérias. E opera também sem limites para o endividamento federal. Mais recentemente, fez do PAC e dos seus maiores gastos o carro-chefe para ter a ministra Dilma como sucessora.

É um baita empregador, pois já admitiu perto de 110 mil servidores, e elevou fortemente os salários da ampliada elite do funcionalismo federal. Segundo estudo do economista Raul Velloso, os gastos (deflacionados) de Serra com pessoal subiram 11,3% entre 2006 e 2009 (seu mandato começou em 2007); os de Lula, no mesmo período, quase três vezes mais (29,6%). Com fortes atrativos, os concursos federais atraem milhões de interessados, e há os muitos admitidos na corte sem concurso.

Em São Paulo, Serra enfrenta a crônica carência de recursos típica dos Estados, para o muito que - mais que a União - têm a fazer em áreas como educação, segurança pública e saneamento, com limites rigorosos ao endividamento. Carência essa que o levou a aceitar a federalização do Banco Nossa Caixa. E segue segurando daqui e dali, inclusive a arrecadação de ICMS, com a tal "substituição tributária", impopular entre muitos empresários, e a Nota Fiscal Paulista, esta muito "pop" (tem 7,2 milhões de inscritos e já lhes creditou a enorme cifra de R$ 2,09 bilhões!). Buscando dinheiro aqui e acolá, toca um enorme programa de obras, algumas saltando aos olhos, como o Rodoanel e o Metrô paulistano, e muitas mais, como a recuperação e ampliação de estradas vicinais e dezenas de escolas técnicas.

Assim, procurei ver para crer o estudo do Santander, gentilmente enviado pelo próprio autor, com o título A fria realidade dos números. Da Fazenda estadual e no site www.fazenda.sp.gov.br obtive mais dados, e confirmei o que imaginava.

De início, ainda que sem enfatizar isso, o próprio estudo do Santander faz justiça a Serra como grande investidor público. Assim, na formação de capital, como estradas e outras obras, os números (que excluem as empresas estatais, mas incluem transferências a estas para tal finalidade, como ao Metrô) revelam que passou de 0,9% do PIB estadual em 2006 para 1,7% do PIB em 2009, ou seja, quase o dobro. Enquanto isso, no governo Lula subiu de 0,7% do PIB nacional para 1,1% no mesmo período.

Schwartsman, contudo, põe maior ênfase nas despesas correntes (com pessoal e outras não-financeiras) e concluiu que as estaduais passaram de 7,8% a 9,1% do PIB entre 2006 e 2009, um acréscimo de 1,3% do PIB. Isso o levou a concluir que cresceram mais que os investimentos, estes em 0,8% do PIB (1,7% menos 0,9%, já citados). Ainda assim, deixou de acrescentar que, relativamente ao ano-base, mesmo com esses números o aumento dos investimentos foi maior (89%) que o das despesas correntes (17%).

Em relação a essas despesas correntes, há a conclusão maior, e que levou às manchetes de jornais citadas. Sempre de 2006 a 2009, no governo Lula tais despesas passaram de 16,2% do PIB a 17,1% (mais 0,9% do PIB), aparentemente crescendo menos do que em São Paulo, pois aqui o aumento teria sido de 1,3% do PIB, conforme o parágrafo anterior. Ora, isso surpreende quem sabe dos apertos do governo Serra, inclusive reclamações de funcionários, exceto dos que vão para cargos federais, onde prevalece o silêncio dos muito satisfeitos.

Entretanto, essa conclusão resultou de uma tecnicalidade envolvida, mas não percebida, a qual funcionou como uma armadilha em que eu também, talvez, cairia, exceto pelo fato de que minhas convicções fariam mais perguntas aos dados para me convencer do que mostravam.

Além de gastos de pessoal, há nessas despesas correntes o item "outras", que surpreendentemente cresce 1,8% do PIB no mesmo período, sendo 1,7% do PIB apenas entre 2006 e 2008! Ora, em 2007 surgiu a São Paulo Previdência (SPPrev), mudando a forma de contabilizar os encargos previdenciários do Estado. Progressivamente, ela passou a receber as contribuições dos servidores e do Estado e a fazer os vultosos pagamentos devidos a aposentados e pensionistas, sendo fortemente deficitária. A tecnicalidade surge porque isso leva a uma dupla contagem de despesas pelas regras contábeis aplicáveis, conforme se vê no site citado. Ou seja, uma vez como obrigações patronais da administração direta, mais o déficit; outra, como outras despesas da SPPrev, da administração indireta - o que não foi percebido pelo estudo do Santander.

Feitos os ajustes, conforme calculados pela Fazenda estadual, o aumento das despesas correntes foi de 6,57% do PIB em 2006 para 6,61% em 2009 e, portanto, insignificante, o que muda radicalmente as conclusões do estudo do Santander.

Escrito em inglês e distribuído aqui e no exterior, ele também entra pelo terreno eleitoral e especula quanto à firmeza fiscal de Serra e de Dilma, o que levou as citadas reportagens a propagar que sob este aspecto não se deveria esperar mais do primeiro do que da segunda.

Contudo, com essa revisão dos dados, o que se conclui mesmo é que Serra é fiscalmente mais firme do que Lula e que Dilma é uma incógnita, na melhor das hipóteses. Na pior e mais verossímil, seguiria a cartilha de seu chefe, da qual também é redatora.

Roberto Macedo, economista (UFMG, USP e Harvard), professor associado à Faap, é vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo

quarta-feira

Entrevista com Dilma Rousseff: Na próxima, por que não chamar Delúbio Soares e Fernandinho Beira-Mar?


Dilma Rousseff concedeu uma entrevista a Emir Sader, Marco Aurélio Garcia e Jorge Mattoso... Na próxima entrevista, por que não chamar Delúbio Soares e Fernandinho Beira-Mar?


"BATE-PAPOS DA PAPUDA", por Reinaldo Azevedo

Caras e caros, Tio Rei e família andaram bastante por Goiás nesta quarta. Estou cansado e feliz. É bom ver de perto as pessoas e as terras que fazem a real riqueza brasileira, a despeito dos mistificadores. Mas isso fica para outra hora. Acabei de chegar a Brasília. Há mil e poucos comentários na fila, mas deixarei tudo para esta quarta, quando estiver em casa. Vou me dedicar ao texto que prometi ontem à tarde.

Como vocês devem ter visto, Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência e, dizem os crédulos, ministra-chefe da Casa Civil, concedeu uma entrevista a Emir Sader, Marco Aurélio Garcia e Jorge Mattoso (!). Mattoso, antes que me dê a outros considerandos, é aquele cara que era presidente da Caixa Econômica Federal e que, no exercício do cargo, quebrou ilegalmente o sigilo bancário do caseiro Francenildo, demonstrando o apreço que um petista de verdade tem pela Constituição. Ora, ninguém iria às ruas para defender os direitos de um caseiro, não é mesmo? A esquerda não tem tempo a perder com pobre que está do lado errado. O “bom” pobre, o que eventualmente rende uma passeata, é aquele que serve às verdades eternas do petismo. Sigamos.

A entrevista virou livro, que vai ser lançado no Congresso do PT, que começa na quinta e vai até sábado. É, como registrei, a única forma de compatibilizar Dilma e um livro: ela fala, os outros anotam. Emir Sader e Marco Aurélio Top Top Garcia são dois tubarões da subintelectualidade esquerdista. Jamais produziram qualquer coisa que possa ser considerada, ainda que remotamente, uma obra de referência. São expressões, no miserável mundo da academia brasileira, da chamada burguesia do capital alheio - um com cargo no governo, outro sem. Sáder é bastante próximo de outros “estadistas”, como Hugo Chávez e Evo Morales. Tratarei dessa intimidade no futuro.

Escrevi ontem que bate-papo com Jorge Mattoso, dado o fato de que ele rasgou um direito constitucional de Francenildo - e, na prática, de qualquer brasileiro - , ficaria bem na Papuda, não é? E propus uma nova jornada cultural, dando seqüência a esta iniciada por Dilma: “Bate-papo na Papuda”. Que tal? Quando José Roberto Arruda foi preso, escrevi: “Por mim, está bem; não lamento a sua prisão; lamento é o fato de os 40 do mensalão petista ainda estejam soltos”. E não estou querendo atropelar processo legal, não, senhores! O que me pergunto e se a Polícia Federal foi tão diligente em produzir provas contra os “companheiros”. A resposta à minha indagação está nos fatos, que falam por si.

Eis aí: Arruda está preso, e isso é um bem para o Brasil; Mattoso não está apenas solto: ele está no grupo de entrevistadores daquela que pode ser nada menos do que presidente da República. Se Dilma o aceita como interlocutor, significa que endossa os seus métodos. A presença deste senhor no encontro é imoral, indecorosa mesmo. Se Dilma acata seu modo de fazer as coisas, então todos os sigilos do país estarão sob risco se ela se eleger. Não é assim porque eu quero. É assim por uma questão de lógica.

Estado empresário
Na tal entrevista, Dilma defendeu o estado empresário. Nem me perco muito em considerações. A fala serve para tentar carimbar no governo anterior, o de FHC, a pecha de “neoliberal”, o que é de um ridículo demonstrável pelos fatos. Os petistas anseiam ter criado um novo modelo, o capitalismo de estado. Que nem novo é. Trata-se de um geiselismo reciclado, agora sob os cuidados da tal burguesia do capital alheio.

À medida que um governo amplia a interferência do estado na economia, consegue também aumentar o grau de chantagem com que lida com os vários agentes econômicos. O “estado empresário” de Dilma é peça de um outro delírio: a construção de um regime de partido único. No fascismo, a fórmula de Giovanni Gentile era “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. No fascismo petista, o “estado” foi substituído pelo partido. Assim, os petistas têm nas mãos uma boa fatia do PIB. E cobra por isso - também em democracia! Já escrevi muito sobre isso, como sabem. O arquivo traz textos às pencas. Quero tratar agora de outro aspecto da entrevista.

Subintelectualidades
Informa o texto da Folha:
Durante a entrevista, Dilma Rousseff concordou com o coordenador do seu futuro programa de governo e vice-presidente do PT sobre o que Marco Aurélio Garcia chamou de “retraimento do pensamento crítico”, com o avanço de uma “subintelectualidade de direita”. Garcia defendeu a valorização da produção cultural “submersa” pela indústria cultural. Dilma acenou com o plano que pretende universalizar o serviço de acesso à internet por banda larga para ampliar os canais de comunicação. “Estamos vivendo um momento culturalmente explosivo. Precisamos colaborar com essa explosão”.

Estou bastante chateado com a morte, ocorrida nesta quarta, de Gildo Marçal Brandão, professor do departamento de Sociologia da USP. Era um intelectual de fato. E de esquerda. Tínhamos um ótimo relacionamento, a despeito de imensas divergências. Ele era realmente um estudioso, não um chicaneiro. Por isso mesmo, jamais atrelaria seu trabalho a um partido ou a um governo. Pouco importa se você é de esquerda, direita ou “extremo de centro”, tem de ler “Linhagens do Pensamento Político Brasileiro”. Eu o convidei várias vezes para escrever na revista Primeira Leitura, da qual divergia bastante. Se você quiser ficar ainda mais sabido, pode ler “Clássicos do Pensamento Político”. Gildo tinha UMA OBRA PORQUE TINHA O QUE DIZER. E manifestava um horror verdadeiro, genuíno, à demagogia e ao baixo proselitismo, como sabem seus alunos e orientandos na USP. Era tão discreto que não o víamos por aí a opinar sobre qualquer assunto. Entre aparecer e não aparecer, preferia se dedicar a uma tarefa a que os professores universitários brasileiros não costumam dar muita boa: escrever livros.

Gildo era um intelectual. Marco Aurélio Garcia e Emir Sader não passam de animadores do circo petista. O socialismo do partido, em nome do qual ainda falam, já escrevi aqui, resume-se hoje a defender um modo de governo que, no melhor (para eles) de sua forma, resultaria em ditadura. A “subintelectualidade” de direita a que o grupo se refere, com a anuência de Dilma, reúne aquelas pessoas que se atrevem a chamar pelo nome a ação desses valentes. Se escrevo, como escrevi, que Dilma talvez se dê melhor ainda hoje com uma arma na mão do que com idéias na cabeça, faço-o por amor aos fatos: ela pertenceu a um grupo terrorista que pegou em armas e que matou pessoas. E ela é bastante fraca de idéias. Como se nota, o que parece uma “diatribe da direita” é de uma objetividade escandalosa, não é mesmo?

“Será que eles estão se referindo a você, Reinaldo, mais ao….” - e os leitores citam uns dois ou três nomes. Evito reproduzi-los aqui para não meter ninguém nos meus rolos sem prévia consulta. O bom de ser um “subintelectual” de direita é que você não precisa dividir com ninguém os seus equívocos. Esquerdistas vigaristas é que atacam em bando. Quando eu tinha mais paciência para ouvir parte de platéias urrando ignorâncias, costumava participar de debates a que iam esquerdistas. Concluí que os nossos “intelectuais de esquerda” não leram Marx, assim como nossos padres progressistas jamais leram a Bíblia. Marco Aurélio Top Top não toparia, mas eu aceito confrontar a minha subintelectualidade de direita com a sua subintelectualidade de esquerda. E a gente não precisa debater Ayn Rand, que ele certamente não leu. Pode ser o velho Marx mesmo, ou o jovem, que ele também não deve ter lido. Ou, se leu, não entendeu.

Divertia-me - até que isto começou a me aborrecer - citar uma passagem ou outra de obras que deveriam ser referência para eles, não para mim, e perceber aquele olhar meio perdido, certa tensão na comissura dos lábios a denunciar: “Não li! Vamos mudar de assunto”.

O que interessa
A covardia desses caras os impede de fazer um debate honesto. E não é por acaso que, não podendo vencer no berro, tentam censurar a imprensa. Querem se impor pelo silêncio. Voltem àquele trecho em vermelho. Esses pterodáctilos ainda estão naquela conversa dos anos 60 de combater a “indústria cultural”. E prometem usar a revolução tecnológica em sua batalha. É isto: Dilma e Marco Aurélio querem universalizar a banda larga de Internet para poderem combater o imperialismo como mais eficiência… Não sei se vocês atentam para o humor da coisa.

Muitas pessoas da área de comunicação no Brasil darão de ombros para o absurdo e lançarão tudo na conta de mais uma bobagem de Dilma e Marco Aurélio. Ocorre que o risco de ela ser presidente da República é real. Como é real a visão autoritária que eles têm do poder. Se algo ameaça hoje a inteligência brasileira, como é óbvio, é a subintelectualidade de esquerda, cuja expressão genérica é o pensamento politicamente correto e cuja expressão particular são os ditos movimentos sociais, meras franjas do petismo. Aí se encontram as grandes reservas da estupidez nacional.

E encerro com uma certa ironia, e nem poderia ser diferente: houvesse mesmo subintelectuais de esquerda no Brasil, seriam dignos de aplauso, verdadeiros heróis da resistência. A razão é simples: SER SUBINTELECTUAL DE ESQUERDA CERTAMENTE RENDE BEM MAIS DINHEIRO.

Na próxima entrevista, por que não chamar Delúbio Soares e Fernandinho Beira-Mar?

Fonte imagem: http://opinioesdodaminelli.blogspot.com/

sexta-feira

Crimes Hediondos

Arruda, do mensalão de Brasília, continuará preso... Uffa!!! Cadeia de segurança máxima pra ele. E, agora, a pergunta que não quer calar: Os criminosos do mensalão do PT ainda estão soltos???

José Dirceu (foto), considerado pela Suprema Corte o chefe da quadrilha do mensalão do PT... Pois é... Continua livre e solto e... Pasme! É homenageado do partido e mentor da campanha de Dilma, a candidata de Lula para a sua continuação (o tal, digamos um 3º mandato petista velado).


ARRUDA, ELES, NÓS E OS CRIMES

Introdução
Nós — o blogueiro e os leitores deste blog — vemos José Roberto Arruda e sua turma na cadeia e podemos suspirar aliviados:
“QUE BOM A GENTE NÃO SE SENTIR MORALMENTE OBRIGADO A DEFENDER ESSA GENTE!!!”
Podemos dizer mais:
“TODA PORCARIA QUE ESSA GENTE FEZ NÃO TEM NADA A VER COM AS NOSSAS UTOPIAS E COM O MUNDO QUE ALMEJAMOS”.
E podemos então expressar os nossos votos:
QUE SE FAÇA JUSTIÇA NOS ESTRITOS TERMOS DO ESTADO DE DIREITO.

Agora farei uma digressão e depois retorno ao ponto em que deixei o parágrafo anterior.

A digressão
Escrevi ontem um longo texto sobre o comecinho do PT e, de certo modo, sobre o meu começo nele. Não vou aqui dizer um “venho de longe” porque nem faz tanto tempo assim. Não olho o passado nem com nostalgia nem com arrependimento. Sou muito mais feliz hoje em dia. Quando, em 1982, me afastei daquela tralha toda, as coisas já tinham avançado bastante em mim, sem que eu tivesse me dado conta. Ainda farei o meu “Why I Turned Right” — título de um livro que acabo de ganhar de um amigo (Threshold Editions). Divertimento para o Carnaval. Avançando na leitura, comento aqui. Sigamos.

Já escrevi que, quando Augusto Pinochet bateu as botas, não lamentei. O meu paradigma, o único aceitável, é a democracia representativa, num estado organizado de modo democrático e que se exerça segundo as normais do direito. Fora disso, não me chamem para a contradança porque não topo. Chuto a canela, dou cotovelada, murro no queixo. Repudio, como repudiei, o estado policial organizado sob o pretexto de “caçar comunistas” — até porque eu mesmo fui uma pequena “caça”, embora fosse apenas um garoto meio boboca, metido no movimento secundarista, com 15 anos. Governos que se dedicam a essa prática são essencialmente imorais. Por isso, orgulho-me de ter dito, muito modestadamente, “não” à ditadura.

Mas também me livrei, é verdade, da falsa memória que as esquerdas inventaram para si mesmas, posando de grandes defensoras da democracia, como se o regime pelo qual propugnavam fosse muito melhor do que a ditadura que combatiam. Um bobalhão me escreve lastimando o meu “direitismo”: “Como pode alguém que provavelmente teve idéias generosas mudar por causa do dinheiro…” Uau!!! Ele acha que generosidade é monopólio das esquerdas — como bem sabiam os, à sua maneira, pródigos Stálin e Mao Tse-Tung. Ele acha que alguém só abandona a esquerda por grana, sem considerar que se pode ser esquerdista pelo mesmo motivo. ELE NEM MESMO SE PERGUNTA QUE LADO PAGA MAIS HOJE EM DIA PARA AQUELES QUE ESTÃO COM A ÁREA DE SERVIÇO NO MERCADO…

“Why I turned right?” Talvez porque eu não tenha conseguido viver sem a culpa católica — ou “judaico-cristã”, como querem alguns. Uma pessoa sem “culpas” é um monstro moral. Se essa monstruosidade está a serviço de uma dita utopia, da construção do futuro, sem que o sujeito deva nada à Cruz, a seus ancestrais ou àquele senso de pertencimento a uma fraternidade laica e universal, então o seu evangelho é constituído de um único versículo: “Não se faz omelete sem quebrar os ovos” — a frase não é de Stálin, já disse. Lênin foi o mais asquerosamente amoral de todos os que já produziram literatura política, o mais meticulosamente articulado na justificação do horror. Ele nem mesmo se encarregava de conjurar as forças da história para justificar seus atos. A morte lhe era apenas uma questão de praticidade. Podia mandar matar como quem dissesse: “Feche a janela; está frio”.

Esse é o espírito que animou e anima ainda as esquerdas, assumam elas a feição que assumirem no mundo moderno, pouco importando com quantos banqueiros ou “burgueses” se alinhem hoje em dia. Mesmo esse alinhamento é encarado por alguns como mais uma das imposições do presente com vistas àquele futuro glorioso. Depois de sete anos, dos 14 aos 21, convivendo com aquele “pragmatismo” — e não me arrependo de nada do que li no período, ao contrário —, já conhecia um vasto repertório da justificação do mal; já sabia que, em nome das “necessidades objetivas”, certos princípios poderiam ser ignorados; que os “princípios” podiam ser tachados de “principismo”, uma variante do militante degenerado, que não reconhecia as urgências da hora.

Os “nossos” crimes, ora essa, crimes não eram porque era preciso indagar se os olhos com que os víamos não estavam condicionados por uma moral que não nos servia — a moral “deles”, a dos “burgueses”, a do regime que queríamos derrubar. E, então, constatei, tudo nos era realmente permitido e tudo nos convinha. Fui salvo por São Paulo, o apóstolo.

Notem: não “desisti” da esquerda porque a considerava ineficiente ou porque constatei que a sociedade que ela almejava era impossível. Ainda que seu mundo fosse de uma eficiência exemplar; ainda que estivéssemos diante da solução definitiva para romper o círculo da pobreza e das carências, tive a certeza: aquilo não me servia. Por isso, chego a rir hoje em dia quando petistas vêm me oferecer evidências da eficiência do governo Lula nisso ou naquilo. E eu com isso? É pouco! Fim da digressão.

Volto ao começo
Que bom, caros leitores, não precisarmos recorrer a volteios retóricos e à acusação de conspirações várias para tentar demonstrar que se teria cometido uma grande injustiça com José Roberto Arruda — desde, é claro, que ele seja punido dentro das regras do estado de direito, do devido processo legal. Não! Não foi um trama do PT! Toda aquele gente meteu a mão na grana porque quis, porque achou que podia e porque achou que não seria pega. A exemplo dos homens de Lula no mensalão.

Notem que Delúbio Soares e os mensaleiros do PT tinham Marilena Chaui, Wanderley Guilherme dos Santos e uma corja acadêmica menos votada para acusar o que seria uma tentativa de “golpe de estado”. Em uma entrevista de TV no ano passado, Lula, ele próprio, esboçou a teoria fantasiosa de que Marcos Valério pode ter sido um homem plantado no PT pelas oposições para desvirtuar o partido e, assim, prejudicar o governo do líder operário… Santo Deus!

Ter-me tornado um indivíduo “de direita” (como querem alguns) traduz-se, na prática, em ter-me tornado alguém que só obedece ao próprio juízo; que não se vê obrigado a defender o crime porque útil a uma causa; que repudia, enojado, o uso de inocentes úteis para fazer “avançar a luta”.

Eis aí uma grande diferença. “Arruda” NÃO É UM DOS NOSSOS como Delúbio Soares, José Genoino e José Dirceu são homens “deles”. Quando Pinochet morreu, lembrando o que escrevi acima, não tive de pranteá-lo. Quando Fidel morrer oficialmente, eles haverão de chorar seu tirano de estimação. NÓS DEVEMOS E PODEMOS CONVIVER SEM O CRIME. No caso deles, o crime É PARTE DE UMA TEORIA DO PODER.

Encerro
Daí, então, os meus votos, que ELES NÃO PODEM FAZER, para que Arruda e José Dirceu joguem dominó juntos na Papuda.

Para fechar: ontem, uma repórter de TV entrou ao vivo para falar da prisão de Arruda, e, atrás dela, um petista brandia um cartaz do partido, junto com outros manifestantes. Ele certamente acha justíssimo que o governador esteja preso, e Delúbio, solto. Segundo a moral dele, Delúbio cometeu um crime apenas segundo a nossa moral. Não é bandido, não! É herói.

Não precisamos arrastar esse lixo. Eles precisam. E, por isso, somos mais livres.

Leia Reinaldo Azevedo