mobilização em favor de Serra na rede
Preparado pra levar pancada. Quem manda acreditar em Papai Noel por tanto tempo?. Sou um ex-petista (de carteirinha) e estou na luta pra tirar a gang do poder.
José Dirceu ao lado do assessor da presidência, Marco Aurélio Garcia, (top-top) no congresso do PT (Foto: Dida Sampaio/AE)
Roberto Macedo
Caras e caros, Tio Rei e família andaram bastante por Goiás nesta quarta. Estou cansado e feliz. É bom ver de perto as pessoas e as terras que fazem a real riqueza brasileira, a despeito dos mistificadores. Mas isso fica para outra hora. Acabei de chegar a Brasília. Há mil e poucos comentários na fila, mas deixarei tudo para esta quarta, quando estiver em casa. Vou me dedicar ao texto que prometi ontem à tarde.
Como vocês devem ter visto, Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência e, dizem os crédulos, ministra-chefe da Casa Civil, concedeu uma entrevista a Emir Sader, Marco Aurélio Garcia e Jorge Mattoso (!). Mattoso, antes que me dê a outros considerandos, é aquele cara que era presidente da Caixa Econômica Federal e que, no exercício do cargo, quebrou ilegalmente o sigilo bancário do caseiro Francenildo, demonstrando o apreço que um petista de verdade tem pela Constituição. Ora, ninguém iria às ruas para defender os direitos de um caseiro, não é mesmo? A esquerda não tem tempo a perder com pobre que está do lado errado. O “bom” pobre, o que eventualmente rende uma passeata, é aquele que serve às verdades eternas do petismo. Sigamos.
A entrevista virou livro, que vai ser lançado no Congresso do PT, que começa na quinta e vai até sábado. É, como registrei, a única forma de compatibilizar Dilma e um livro: ela fala, os outros anotam. Emir Sader e Marco Aurélio Top Top Garcia são dois tubarões da subintelectualidade esquerdista. Jamais produziram qualquer coisa que possa ser considerada, ainda que remotamente, uma obra de referência. São expressões, no miserável mundo da academia brasileira, da chamada burguesia do capital alheio - um com cargo no governo, outro sem. Sáder é bastante próximo de outros “estadistas”, como Hugo Chávez e Evo Morales. Tratarei dessa intimidade no futuro.
Escrevi ontem que bate-papo com Jorge Mattoso, dado o fato de que ele rasgou um direito constitucional de Francenildo - e, na prática, de qualquer brasileiro - , ficaria bem na Papuda, não é? E propus uma nova jornada cultural, dando seqüência a esta iniciada por Dilma: “Bate-papo na Papuda”. Que tal? Quando José Roberto Arruda foi preso, escrevi: “Por mim, está bem; não lamento a sua prisão; lamento é o fato de os 40 do mensalão petista ainda estejam soltos”. E não estou querendo atropelar processo legal, não, senhores! O que me pergunto e se a Polícia Federal foi tão diligente em produzir provas contra os “companheiros”. A resposta à minha indagação está nos fatos, que falam por si.
Eis aí: Arruda está preso, e isso é um bem para o Brasil; Mattoso não está apenas solto: ele está no grupo de entrevistadores daquela que pode ser nada menos do que presidente da República. Se Dilma o aceita como interlocutor, significa que endossa os seus métodos. A presença deste senhor no encontro é imoral, indecorosa mesmo. Se Dilma acata seu modo de fazer as coisas, então todos os sigilos do país estarão sob risco se ela se eleger. Não é assim porque eu quero. É assim por uma questão de lógica.
Estado empresário
Na tal entrevista, Dilma defendeu o estado empresário. Nem me perco muito em considerações. A fala serve para tentar carimbar no governo anterior, o de FHC, a pecha de “neoliberal”, o que é de um ridículo demonstrável pelos fatos. Os petistas anseiam ter criado um novo modelo, o capitalismo de estado. Que nem novo é. Trata-se de um geiselismo reciclado, agora sob os cuidados da tal burguesia do capital alheio.
À medida que um governo amplia a interferência do estado na economia, consegue também aumentar o grau de chantagem com que lida com os vários agentes econômicos. O “estado empresário” de Dilma é peça de um outro delírio: a construção de um regime de partido único. No fascismo, a fórmula de Giovanni Gentile era “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. No fascismo petista, o “estado” foi substituído pelo partido. Assim, os petistas têm nas mãos uma boa fatia do PIB. E cobra por isso - também em democracia! Já escrevi muito sobre isso, como sabem. O arquivo traz textos às pencas. Quero tratar agora de outro aspecto da entrevista.
Subintelectualidades
Informa o texto da Folha:
Durante a entrevista, Dilma Rousseff concordou com o coordenador do seu futuro programa de governo e vice-presidente do PT sobre o que Marco Aurélio Garcia chamou de “retraimento do pensamento crítico”, com o avanço de uma “subintelectualidade de direita”. Garcia defendeu a valorização da produção cultural “submersa” pela indústria cultural. Dilma acenou com o plano que pretende universalizar o serviço de acesso à internet por banda larga para ampliar os canais de comunicação. “Estamos vivendo um momento culturalmente explosivo. Precisamos colaborar com essa explosão”.
Estou bastante chateado com a morte, ocorrida nesta quarta, de Gildo Marçal Brandão, professor do departamento de Sociologia da USP. Era um intelectual de fato. E de esquerda. Tínhamos um ótimo relacionamento, a despeito de imensas divergências. Ele era realmente um estudioso, não um chicaneiro. Por isso mesmo, jamais atrelaria seu trabalho a um partido ou a um governo. Pouco importa se você é de esquerda, direita ou “extremo de centro”, tem de ler “Linhagens do Pensamento Político Brasileiro”. Eu o convidei várias vezes para escrever na revista Primeira Leitura, da qual divergia bastante. Se você quiser ficar ainda mais sabido, pode ler “Clássicos do Pensamento Político”. Gildo tinha UMA OBRA PORQUE TINHA O QUE DIZER. E manifestava um horror verdadeiro, genuíno, à demagogia e ao baixo proselitismo, como sabem seus alunos e orientandos na USP. Era tão discreto que não o víamos por aí a opinar sobre qualquer assunto. Entre aparecer e não aparecer, preferia se dedicar a uma tarefa a que os professores universitários brasileiros não costumam dar muita boa: escrever livros.
Gildo era um intelectual. Marco Aurélio Garcia e Emir Sader não passam de animadores do circo petista. O socialismo do partido, em nome do qual ainda falam, já escrevi aqui, resume-se hoje a defender um modo de governo que, no melhor (para eles) de sua forma, resultaria em ditadura. A “subintelectualidade” de direita a que o grupo se refere, com a anuência de Dilma, reúne aquelas pessoas que se atrevem a chamar pelo nome a ação desses valentes. Se escrevo, como escrevi, que Dilma talvez se dê melhor ainda hoje com uma arma na mão do que com idéias na cabeça, faço-o por amor aos fatos: ela pertenceu a um grupo terrorista que pegou em armas e que matou pessoas. E ela é bastante fraca de idéias. Como se nota, o que parece uma “diatribe da direita” é de uma objetividade escandalosa, não é mesmo?
“Será que eles estão se referindo a você, Reinaldo, mais ao….” - e os leitores citam uns dois ou três nomes. Evito reproduzi-los aqui para não meter ninguém nos meus rolos sem prévia consulta. O bom de ser um “subintelectual” de direita é que você não precisa dividir com ninguém os seus equívocos. Esquerdistas vigaristas é que atacam em bando. Quando eu tinha mais paciência para ouvir parte de platéias urrando ignorâncias, costumava participar de debates a que iam esquerdistas. Concluí que os nossos “intelectuais de esquerda” não leram Marx, assim como nossos padres progressistas jamais leram a Bíblia. Marco Aurélio Top Top não toparia, mas eu aceito confrontar a minha subintelectualidade de direita com a sua subintelectualidade de esquerda. E a gente não precisa debater Ayn Rand, que ele certamente não leu. Pode ser o velho Marx mesmo, ou o jovem, que ele também não deve ter lido. Ou, se leu, não entendeu.
Divertia-me - até que isto começou a me aborrecer - citar uma passagem ou outra de obras que deveriam ser referência para eles, não para mim, e perceber aquele olhar meio perdido, certa tensão na comissura dos lábios a denunciar: “Não li! Vamos mudar de assunto”.
O que interessa
A covardia desses caras os impede de fazer um debate honesto. E não é por acaso que, não podendo vencer no berro, tentam censurar a imprensa. Querem se impor pelo silêncio. Voltem àquele trecho em vermelho. Esses pterodáctilos ainda estão naquela conversa dos anos 60 de combater a “indústria cultural”. E prometem usar a revolução tecnológica em sua batalha. É isto: Dilma e Marco Aurélio querem universalizar a banda larga de Internet para poderem combater o imperialismo como mais eficiência… Não sei se vocês atentam para o humor da coisa.
Muitas pessoas da área de comunicação no Brasil darão de ombros para o absurdo e lançarão tudo na conta de mais uma bobagem de Dilma e Marco Aurélio. Ocorre que o risco de ela ser presidente da República é real. Como é real a visão autoritária que eles têm do poder. Se algo ameaça hoje a inteligência brasileira, como é óbvio, é a subintelectualidade de esquerda, cuja expressão genérica é o pensamento politicamente correto e cuja expressão particular são os ditos movimentos sociais, meras franjas do petismo. Aí se encontram as grandes reservas da estupidez nacional.
E encerro com uma certa ironia, e nem poderia ser diferente: houvesse mesmo subintelectuais de esquerda no Brasil, seriam dignos de aplauso, verdadeiros heróis da resistência. A razão é simples: SER SUBINTELECTUAL DE ESQUERDA CERTAMENTE RENDE BEM MAIS DINHEIRO.
Na próxima entrevista, por que não chamar Delúbio Soares e Fernandinho Beira-Mar?
Fonte imagem: http://opinioesdodaminelli.blogspot.com/
Introdução
Nós — o blogueiro e os leitores deste blog — vemos José Roberto Arruda e sua turma na cadeia e podemos suspirar aliviados:
“QUE BOM A GENTE NÃO SE SENTIR MORALMENTE OBRIGADO A DEFENDER ESSA GENTE!!!”
Podemos dizer mais:
“TODA PORCARIA QUE ESSA GENTE FEZ NÃO TEM NADA A VER COM AS NOSSAS UTOPIAS E COM O MUNDO QUE ALMEJAMOS”.
E podemos então expressar os nossos votos:
QUE SE FAÇA JUSTIÇA NOS ESTRITOS TERMOS DO ESTADO DE DIREITO.
Agora farei uma digressão e depois retorno ao ponto em que deixei o parágrafo anterior.
A digressão
Escrevi ontem um longo texto sobre o comecinho do PT e, de certo modo, sobre o meu começo nele. Não vou aqui dizer um “venho de longe” porque nem faz tanto tempo assim. Não olho o passado nem com nostalgia nem com arrependimento. Sou muito mais feliz hoje em dia. Quando, em 1982, me afastei daquela tralha toda, as coisas já tinham avançado bastante em mim, sem que eu tivesse me dado conta. Ainda farei o meu “Why I Turned Right” — título de um livro que acabo de ganhar de um amigo (Threshold Editions). Divertimento para o Carnaval. Avançando na leitura, comento aqui. Sigamos.
Já escrevi que, quando Augusto Pinochet bateu as botas, não lamentei. O meu paradigma, o único aceitável, é a democracia representativa, num estado organizado de modo democrático e que se exerça segundo as normais do direito. Fora disso, não me chamem para a contradança porque não topo. Chuto a canela, dou cotovelada, murro no queixo. Repudio, como repudiei, o estado policial organizado sob o pretexto de “caçar comunistas” — até porque eu mesmo fui uma pequena “caça”, embora fosse apenas um garoto meio boboca, metido no movimento secundarista, com 15 anos. Governos que se dedicam a essa prática são essencialmente imorais. Por isso, orgulho-me de ter dito, muito modestadamente, “não” à ditadura.
Mas também me livrei, é verdade, da falsa memória que as esquerdas inventaram para si mesmas, posando de grandes defensoras da democracia, como se o regime pelo qual propugnavam fosse muito melhor do que a ditadura que combatiam. Um bobalhão me escreve lastimando o meu “direitismo”: “Como pode alguém que provavelmente teve idéias generosas mudar por causa do dinheiro…” Uau!!! Ele acha que generosidade é monopólio das esquerdas — como bem sabiam os, à sua maneira, pródigos Stálin e Mao Tse-Tung. Ele acha que alguém só abandona a esquerda por grana, sem considerar que se pode ser esquerdista pelo mesmo motivo. ELE NEM MESMO SE PERGUNTA QUE LADO PAGA MAIS HOJE EM DIA PARA AQUELES QUE ESTÃO COM A ÁREA DE SERVIÇO NO MERCADO…
“Why I turned right?” Talvez porque eu não tenha conseguido viver sem a culpa católica — ou “judaico-cristã”, como querem alguns. Uma pessoa sem “culpas” é um monstro moral. Se essa monstruosidade está a serviço de uma dita utopia, da construção do futuro, sem que o sujeito deva nada à Cruz, a seus ancestrais ou àquele senso de pertencimento a uma fraternidade laica e universal, então o seu evangelho é constituído de um único versículo: “Não se faz omelete sem quebrar os ovos” — a frase não é de Stálin, já disse. Lênin foi o mais asquerosamente amoral de todos os que já produziram literatura política, o mais meticulosamente articulado na justificação do horror. Ele nem mesmo se encarregava de conjurar as forças da história para justificar seus atos. A morte lhe era apenas uma questão de praticidade. Podia mandar matar como quem dissesse: “Feche a janela; está frio”.
Esse é o espírito que animou e anima ainda as esquerdas, assumam elas a feição que assumirem no mundo moderno, pouco importando com quantos banqueiros ou “burgueses” se alinhem hoje em dia. Mesmo esse alinhamento é encarado por alguns como mais uma das imposições do presente com vistas àquele futuro glorioso. Depois de sete anos, dos 14 aos 21, convivendo com aquele “pragmatismo” — e não me arrependo de nada do que li no período, ao contrário —, já conhecia um vasto repertório da justificação do mal; já sabia que, em nome das “necessidades objetivas”, certos princípios poderiam ser ignorados; que os “princípios” podiam ser tachados de “principismo”, uma variante do militante degenerado, que não reconhecia as urgências da hora.
Os “nossos” crimes, ora essa, crimes não eram porque era preciso indagar se os olhos com que os víamos não estavam condicionados por uma moral que não nos servia — a moral “deles”, a dos “burgueses”, a do regime que queríamos derrubar. E, então, constatei, tudo nos era realmente permitido e tudo nos convinha. Fui salvo por São Paulo, o apóstolo.
Notem: não “desisti” da esquerda porque a considerava ineficiente ou porque constatei que a sociedade que ela almejava era impossível. Ainda que seu mundo fosse de uma eficiência exemplar; ainda que estivéssemos diante da solução definitiva para romper o círculo da pobreza e das carências, tive a certeza: aquilo não me servia. Por isso, chego a rir hoje em dia quando petistas vêm me oferecer evidências da eficiência do governo Lula nisso ou naquilo. E eu com isso? É pouco! Fim da digressão.
Volto ao começo
Que bom, caros leitores, não precisarmos recorrer a volteios retóricos e à acusação de conspirações várias para tentar demonstrar que se teria cometido uma grande injustiça com José Roberto Arruda — desde, é claro, que ele seja punido dentro das regras do estado de direito, do devido processo legal. Não! Não foi um trama do PT! Toda aquele gente meteu a mão na grana porque quis, porque achou que podia e porque achou que não seria pega. A exemplo dos homens de Lula no mensalão.
Notem que Delúbio Soares e os mensaleiros do PT tinham Marilena Chaui, Wanderley Guilherme dos Santos e uma corja acadêmica menos votada para acusar o que seria uma tentativa de “golpe de estado”. Em uma entrevista de TV no ano passado, Lula, ele próprio, esboçou a teoria fantasiosa de que Marcos Valério pode ter sido um homem plantado no PT pelas oposições para desvirtuar o partido e, assim, prejudicar o governo do líder operário… Santo Deus!
Ter-me tornado um indivíduo “de direita” (como querem alguns) traduz-se, na prática, em ter-me tornado alguém que só obedece ao próprio juízo; que não se vê obrigado a defender o crime porque útil a uma causa; que repudia, enojado, o uso de inocentes úteis para fazer “avançar a luta”.
Eis aí uma grande diferença. “Arruda” NÃO É UM DOS NOSSOS como Delúbio Soares, José Genoino e José Dirceu são homens “deles”. Quando Pinochet morreu, lembrando o que escrevi acima, não tive de pranteá-lo. Quando Fidel morrer oficialmente, eles haverão de chorar seu tirano de estimação. NÓS DEVEMOS E PODEMOS CONVIVER SEM O CRIME. No caso deles, o crime É PARTE DE UMA TEORIA DO PODER.
Encerro
Daí, então, os meus votos, que ELES NÃO PODEM FAZER, para que Arruda e José Dirceu joguem dominó juntos na Papuda.
Para fechar: ontem, uma repórter de TV entrou ao vivo para falar da prisão de Arruda, e, atrás dela, um petista brandia um cartaz do partido, junto com outros manifestantes. Ele certamente acha justíssimo que o governador esteja preso, e Delúbio, solto. Segundo a moral dele, Delúbio cometeu um crime apenas segundo a nossa moral. Não é bandido, não! É herói.
Não precisamos arrastar esse lixo. Eles precisam. E, por isso, somos mais livres.
Leia Reinaldo Azevedo