sexta-feira


Cachimbo da paz

Vem cá:
Não é meio maluco numa hora dessas expulsar os arrozeiros de Roraima?

(Tutty Vasques)

sábado

Francisco Weffort revela intimidades de Lula



Artigo de Francisco Weffort, ex-secretário geral do PT e ex-ministro da Cultura do governo FHC, publicado no dia 15, no jornal O Globo.


Que coisas tão graves em seus gastos na Presidência estará Lula procurando esconder da opinião pública? Que de tão grave têm as despesas dos palácios do Planalto, da Alvorada e da Granja do Torto que possam explicar a cortina de fumaça que o governo criou para impedir o controle dos cartões corporativos de Lula, Marisa, Lulinha, Lurian etc.? A estas alturas, só o governo pode responder a tais perguntas. E como o governo não responde, a opinião pública, sem os esclarecimentos devidos, torna-se presa de dúvidas sobre tudo e todos.

É conhecida a ojeriza de Lula a qualquer controle sobre gastos. Evidentemente os dele, da companheirada do PT, dos sindicatos e do MST, sem esquecer um sem-número de ONGs sobre as quais pesam suspeitas clamorosas. Ainda recentemente, ele vetou dispositivo de lei que exigia dos sindicatos prestação de contas ao TCU dos recursos derivados do imposto sindical (agora "contribuição"). Há mais tempo, Lula era contra o imposto em nome da autonomia sindical. Agora que está no governo, deixou ficar o imposto e derrubou o controle do TCU. Tudo como dantes no quartel de Abrantes. O que o Lula e os pelegos querem é o que já existia na "república populista", dinheiro dos trabalhadores sem qualquer controle.

Lula, a chamada "metamorfose ambulante", não se tornou ele próprio um pelego? Assim como defendeu a gastança dos sindicatos em nome da autonomia sindical, agora defende sua própria gastança na Presidência em nome da segurança nacional. Isso me lembra uma historinha de 1980, bem no início do PT, quando João Figueiredo estava no governo e Lula estava para ser julgado na Lei de Segurança Nacional.

Junto com alguns outros, eu o acompanhei numa viagem à Europa e aos Estados Unidos em busca de apoio. Como outros na comitiva, eu acreditava piamente que tudo era em prol da liberdade sindical e da democracia, e as coisas caminharam bem, colhemos muita simpatia e apoio nos ambientes democráticos e socialistas que visitamos. Mas, chegando à Alemanha, fomos surpreendidos pela recepção agressiva do secretário-geral do sindicato alemão dos metalúrgicos. Claro, ele também era a favor da democracia e estava disposto a defender os sindicalistas. Sua agressividade tinha outra origem: o sindicato alemão que representava havia enviado algum dinheiro a São Bernardo e cobrava do Lula a prestação de contas! A conversa, forte do lado alemão, foi num jantar, e não permitia muitos detalhes, mas era disso que se tratava: alguém em São Bernardo falhou na prestação de contas e o alemão estava furioso. Lula se defendeu como pôde, mas, no essencial, dizia que não era com ele, que não sabia de nada.

A viagem era longa. Antes da Alemanha, havíamos passado pela Suécia, e fomos depois a França, Espanha, Itália e Estados Unidos. Em Washington, tivemos um encontro com representantes da AFL-CIO, e ali repetiu-se o mesmo constrangimento. Embora não tão agressivos quanto o alemão, os americanos queriam prestação de contas sobre dinheiro enviado a São Bernardo. Mas Lula, de novo, não sabia responder à indagação referente às contas. Ou não queria responder. Não era com ele.

Nunca dei muita importância a esses fatos. A atmosfera do país nos primeiros anos do PT era outra. Ninguém na oposição estava antenado para assuntos desse tipo. O tema dominante era a retomada da democracia. A corrupção, se havia, estaria do lado da ditadura.

Saí da direção do PT em 1989 e me desfiliei em 1995. Até então era difícil imaginar que um partido tão afinado com o discurso da moral e da ética pudesse aninhar o ovo da serpente. Minha dúvida atual é a seguinte: será que a leniência do governo Lula em face da corrupção não tem raízes anteriores ao próprio governo? A propensão a tais práticas não teria origem mais antiga, no meio sindical onde nasceu o PT e a atual "república sindicalista"?

Talvez essa pergunta só encontre resposta cabal no futuro. Mas, enquanto a resposta não vem, algumas observações são possíveis. Parece-me evidente que no momento atual alguns auxiliares da $ência — a começar pelos ministros Dilma Rousseff, Jorge Hage e general Jorge Felix — foram transformados em escudos de proteção de possíveis irregularidades de Lula e seus familiares. O outro escudo de proteção é Tarso Genro, que usa uma ginástica retórica para, primeiro, garantir, como Dilma, que o dossiê não existia, só um banco de dados. Depois passou a admitir que existia o dossiê, mas que isso todo mundo faz. Mais ou menos como no episódio do mensalão, lembram-se? Naquele momento, o então ministro Thomas Bastos, acompanhado por Delubio Soares, disse que mensalão não existia, que eram contas não regularizadas, sobras de campanha etc. E lula afirmou de público que isso todos os políticos faziam. O que não impediu que o procurador-geral da República visse no mensalão a prática delituosa de uma quadrilha criminosa.

Adotada a teoria do dossiê — aquele que não existia e que passou a existir — criou-se uma pequena usina de rumores, primeiro contra Fernando Henrique Cardoso e Dona Ruth, depois contra ministros do governo anterior. Minha pergunta é a seguinte: quando virão os dossiês contra Lula e Dona Marisa Letícia? Não é este o futuro que deveríamos almejar. Mas no que vai do andar da carruagem dirigida por um Lula cada vez mais ególatra e irresponsável é para lá que vamos, inelutavelmente. Quem viver verá.

sexta-feira

A Vale não tem nada a ver com a reforma agrária


O presidente da Vale, Roger Agnelli, chamou de "bandidos que não respeitam a lei" os integrantes do MST que querem invadir ferrovia. Agnelli reclamou que a Vale não tem nada a ver com a reforma agrária. E agora o presidente da Vale virou um inimigo figadal do Movimento dos Sem Terra –, na verdade, um movimento social terrorista, que já é apontado, oficialmente, em estudos das Forças Armadas, como “uma ameaça à paz social interna”.
fonte

Foto: Marcelo Ferreira/CBPRESS, Membros do MST invadem fazenda no Lago Oeste.

quarta-feira


Investigação sob encomenda

Editorial Folha

Ficaram claros, por fim, os motivos do governo para reagir como reagiu à reportagem da revista Veja, na edição que começou a circular em 22 de março, que confirmou com dados objetivos os rumores, que corriam havia pelo menos um mês, de que o Planalto preparava um dossiê sobre gastos palacianos no período Fernando Henrique, conforme o Estado noticiou em 19 de fevereiro. Esses rumores foram inicialmente propagados pelos próprios operadores políticos do lulismo, com o intuito de calar as cobranças que a oposição fazia para que se discriminassem as despesas pagas com cartões corporativos para o presidente Lula, que cresceram 900% entre 2003 e 2007. E é bom lembrar o que empresários paulistas ouviram à época da titular da Casa Civil, Dilma Rousseff: “Não vamos apanhar quietos.”

Pois bem. A reação da ministra, expressa em nota oficial, foi negar a montagem do dossiê, alegar que a coleta de documentos sobre a gestão tucana obedecia a uma recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), o que o órgão prontamente desmentiu, e - o mais importante, à luz dos recentes desdobramentos do escândalo - anunciar a abertura de uma sindicância interna para apurar o vazamento de informações sigilosas em poder do governo. No que parecia ser uma incoerência, a Casa Civil havia adotado um procedimento meramente burocrático para esclarecer o que, segundo a sua manifesta avaliação, configurava um episódio da maior gravidade. Em outras palavras, um caso de polícia. Agora que a Polícia Federal (PF) foi chamada a entrar no circuito, passados 17 dias da denúncia, depois detalhada pelo jornal Folha de S.Paulo, as peças se encaixam. Não havia nenhuma incoerência.

Àquela altura, o governo não queria ver os federais bisbilhotando a sua intimidade porque não tinha encontrado a maneira de abrir-lhes as portas sem correr riscos. Ou seja, da maneira prescrita no inquérito instaurado segunda-feira a mando da Casa Civil, que circunscreve o âmbito do trabalho policial ao vazamento de trechos do que constitui - por onde quer que se a examine - uma ação com finalidades políticas espúrias. A lógica do Planalto, exposta pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, a quem a PF responde, e pelo seu diretor, Luiz Fernando Corrêa, é a de que vazamento é crime, mas a manipulação de dados no âmbito das repartições, enquanto não vazar, não é crime. O argumento é no mínimo discutível. Se a divulgação de informações sigilosas do setor público representa um ilícito penal, outra coisa não seria a manipulação desses mesmos dados por servidores do Executivo, à revelia da Justiça, do TCU, ou ainda de uma CPI, dotada de atribuições parajudiciais.

De mais a mais, a anuência da Polícia Federal a conduzir um inquérito em termos preestabelecidos pelo governo leva forçosamente a pensar que, em detrimento da incumbência que lhe é própria, de buscar a verdade, ela fará as vezes de instrumento das conveniências de quem a convocou - depois de muito relutar, ressalte-se. Algo parecido com a relação entre o contratante e o contratado de um serviço. Se não é disso que se trata, é ao menos o que a opinião pública tenderá a considerar, erodindo a imagem positiva que se habituou a ter dos federais nos últimos anos, por sua isenção em apurações de grosso calibre. Além desse problema de fundo, há o aspecto técnico propriamente dito. Não está claro se uma investigação sobre um vazamento pode dispensar - e ainda assim chegar a bom termo - o conhecimento pleno da feitura do que se vazou, incluindo os participantes e a cadeia de comando da operação.

A descoberta do autor do vazamento e de suas motivações dificilmente poderá passar ao largo da origem do objeto vazado, assim como o esclarecimento de um roubo parece depender da identificação do dono dos bens roubados. Ou, numa comparação chã, será possível saber por que uma torneira vaza sem desmontá-la?

De todo modo, se o governo nega taxativamente que tenha cometido qualquer delito ao criar um “banco de dados” sobre os gastos presidenciais na gestão anterior, não haveria por que esconder as responsabilidades pelo que seria uma iniciativa limpa e legítima. Mas o governo Lula nunca se distinguiu por saber apagar os incêndios que ele próprio ateia.


Charge encontrada aqui

segunda-feira


Entre os piores

A última edição da revista brasiliense Alta Velocidade, estampa uma página com e "os piores" e
"os melhores" políticos de 2007. Entre os oito "piores", a revista lista Hugo Chávez, Bush, Renan Calheiros, Romero Jucá, Sibá Machado e Clodovil. Entre os sete "melhores", está Arthur Virgílio.

quinta-feira

O DOSSIÊ E A ABERTURA DAS CONTAS


Em discurso pronunciado, no Senado, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), deixou claro haver duas questões essenciais em torno dos gastos com cartães corporativos:

1) confecção do dossiê para tentar intimidar a Oposição
2) recusa em abrir as contas do Gabinete Pessoal do Presidente da República


O senador começou citando nota do Blog do Noblat, segundo a qual o governo foi obrigado a reconhecer que os dados do dossiê fazem parte, sim, de um banco de dados da Casa Civil, e também matária do jornal O Estado de S.Paulo, revelando que “o dossiê da Casa Civil contra FHC foi decisão de governo” e que a operação se iniciou em fevereiro, muito antes da criação da CPMI.

“Será – disse o senador – mais um episódio nebuloso do governo Lula. Ao governo, não interessa apurá-lo. Sabe quem mandou montar o dossiê e quem o montou. Funcionário algum da Casa Civil ousa dar qualquer passo sem consultar a ministra Dilma Rousseff. Ela é a ministra mais centralizadora do governo.”

O fato essencial, insistiu o líder, é que montaram um dossiê. Não há como confundir banco de dados – que ministra Dilma informou que mandara providenciar – e dossiê. O primeiro reúne informações de caráter geral, o segundo apenas peças isoladas, pinçadas, para fim em geral escuso. É ato criminoso. Então, têm-se duas atividades criminosas: a confecção do dossiê e o vazamento de dados nele contidos.

“O ministro José Múcio – disse o senador – confirmou a existência do dossiê. E curiosamente sabe que não foi feito pelo governo. O ministro Paulo Bernardo também sabia da sua existência, quando disse que irregularidades iriam aparecer apenas em contas do tipo B. E na CPI, o ministro Hage adiantou que viriam ‘coisas piores’, insinuando que se referiam ao governo passado. Era, visivelmente, um quadro de coação.”

Continuando, Arthur Virgílio lembrou ter apresentado requerimentos de convocação da ministra Dilma, para prestar esclarecimentos ao plenário do Senado e a duas Comissões da Casa. “Ela não deve escafeder-se da sua responsabilidade”, assinalou, admitindo, contudo, que a maioria governista poderá não aprovar os requerimentos. “Mas terá de fazê-lo abertamente, porque exigirei votação nominal”, frisou.

O líder tucano deixou em segundo plano a informação do Blog do Noblat de que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) teria tido acesso ao dossiê e dado conhecimento de parte dele à imprensa. E censurou a líder petista Ideli Salvatti (SC) por estar acusando Álvaro de vazamento das informações e cobrando dele a revelação de quem lhe teria passado os dados. Arthur Virgílio disse-lhe que não podia estar fazendo acusações sem provas. Lembrou que, há algum tempo, se recusou a endossar denúncias contra ela própria justamente por achar que não ficaram provadas.

“Gostaria – acrescentou, dirigindo-se à senadora – de menos certezas. O senador Dias disse que não vazou e não sabe quem o fez. O que sabemos é que está em curso uma manobra para se dar a impressão de que não se teve dossiê. Dossiê como meio de intimidação é tática que está ficando recorrente. Há pouco disse ao senador Tião Viana (PT-AC) estar havendo certo vezo autoritório no seu partido.”

Toda essa questão, porém, segundo o líder tucano, pode ser resolvida facilmente. Basta o governo punir quem elaborou o dossiê e abrir todas as contas do Gabinete Pessoal do Presidente da República, desde 1998, como foi requerido por ele próprio ao presidente Lula.

Fonte: Gabinete