Notícia escondida nas páginas internas do noticiário econômico me chamou a atenção.
Diz que hoje a Petrobras vai apresentar a diretoria de sua nova subsidiária, a Petrobras Biocombustíveis, atual menina dos olhos do presidente Lula.
Pois bem. A nova subsidiária foi inteiramente esquartejada entre partidos políticos. O presidente será Alan Kardec, funcionário da Petrobras, apoiado por PCdoB, PMDB e sindicalistas (olha eles aí de novo!).
O PT indicou dois diretores: Ricardo Castelo Branco, atual gerente da Petrobras; e Miguel Rossetto, ex-ministro da Reforma Agrária. (Miguel Rossetto tentou recentemente ser o candidato petista à prefeitura de Porto Alegre, apoiado entusiasticamente pelo ministro Tarso Genro e pela ministra Dilma Roussef. Perdeu a indicação para Maria do Rosário, mas como sabemos, este governo não deixa os seus no sereno. Vai ser diretor da Petrobrás Biocombustíveis. Muito melhor, vamos combinar.)
Mas não acabou. O ex-deputado Roberto Jefferson que, mesmo tendo sido o homem-bomba do mensalão, continua mandando uma barbaridade, emplacou um diretor: Fernando Cunha, atual gerente da Petrobras.
Finalmente, o quarto diretor será Chalan Rubin, também gerente da Petrobras. Em princípio, nada indica que toda a virtude esteja com os funcionários de carreira, nem que todo o vício esteja com as nomeações políticas. Afinal, o sr. Maurício Marinho, apanhado com a boca na botija recebendo propina de R$ 3.000,00 (estopim do escândalo do mensalão), era funcionário de carreira dos Correios, com 28 anos de casa.
O que é triste não é constatar que militantes-companheiros como Miguel Rossetto não fiquem desempregados, porque sempre há um cargo para eles.
O que é triste é constatar que uma empresa como a Petrobras, que nasceu e cresceu fundada na mais sólida meritocracia e, por isso, é uma das maiores empresas do mundo, tenha se tornado palco de disputas partidárias e sindicais.
O que é triste é constatar que funcionários de carreira que, imagina-se, atingiram os níveis de gerente por mérito, trabalho árduo e dedicação à empresa, precisem de padrinhos do PT, do PMDB, do PCdoB e de sindicalistas para ocupar postos de diretoria na nova empresa.
Uma empresa novinha, criada praticamente hoje, já carrega consigo a “herança maldita” de métodos e práticas antigas no preenchimento de cargos. Métodos viciados que, em geral, acabam sendo encontros marcados com a encrenca.
Lucia Hippolito