domingo

"cultura do mal"


A educadora Tania Zagury, autora de 13 livros de educação, entre eles o best-seller "Quem Ama, Educa", não acredita na recuperação dos acusados pela morte do menino. "Dificilmente eles voltarão a ser anjinhos, perderam a inocência. Depois de uma barbaridade dessas, é difícil recuperar a humanidade."


Homens com até 25 anos matam e morrem mais, diz estudo da Unesco

Pesquisa mostra que quase 50% dos homicídios são cometidos por jovens. Chance de morrer entre 14 e 25 anos é 3 vezes maior que em outras faixas etárias. São eles que matam mais e morrem mais. Dos homicídios de autoria conhecida, mais de três quartos são do sexo masculino e quase a metade é cometida por jovens de até 25 anos, como os que levaram o menino João Hélio Fernandes à morte no Rio. A conclusão é do estudo Balas Perdidas, da Agência de Notícias dos Direitos da Infância. As chances de ser assassinado entre 14 e 25 anos é três vezes maior que em outras faixas etárias. Em números absolutos, morrem mais jovens assassinados que em acidentes de trânsito, segundo o estudo da Unesco Mapa da Violência 4.

Como proteger os filhos dessa escalada de violência e como evitar que se transformem em criminosos é uma pergunta que atormenta pais e educadores. Para o antropólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro Gilberto Velho, a aparente frieza dos cinco rapazes que participaram do assalto que culminou com a morte de João Hélio são sinais de que a cultura da violência está se transformando na "cultura do mal", em que a crueldade e a ausência de arrependimento fazem parte da personalidade de criminosos cada vez mais jovens.

Para o chefe do setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa da Misericórdia, Fabio Barbinato, pais e professores devem estar atentos a comportamentos inadequados desde a pré-escola. "É mais fácil controlar uma criança de 5 anos que um adolescente rebelde." Estudos indicam que a agressividade está ligada a disfunções neurobiológicas no córtex pré-frontal. Essa região do cérebro, atrás da testa, é a última a ser formada e a ela é atribuído o controle das emoções, o bom senso. "Uma má-formação ou lesão nessa área pode causar alterações comportamentais que levam a praticar crimes com requintes de crueldade e sem remorsos."

Agência Estado

sexta-feira

Em qualquer democracia, Lula seria impichado


“Reconheço a justeza de todos os pleitos bolivianos”.Eu não esqueço que somos chefes de Estado de países soberanos, que precisamos agir como chefes de Estado, cada um em defesa de seu país; mas, antes de ser presidente da República, tu, na Bolívia, e eu, aqui no Brasil, nós éramos companheiros no movimento sindical, e não podemos permitir que essa nossa primeira relação seja diminuída porque hoje somos presidentes”.

É Lula, diante do, bem..., presidente boliviano, Evo Morales, justificando a elevação do preço do gás. Se vocês querem ter uma dimensão do tamanho e da importância do Brasil no mundo, peço que façam um exercício: imaginem um presidente americano, qualquer um, que dissesse dever mais fidelidade à sua condição anterior do que à Presidência da República. No dia seguinte, o Congresso proporia uma moção de impeachment. E ele iria pra casa.

No Brasil, faremos o quê? Ora, a regra será poupar Lula de si mesmo, tentando emprestar à sua fala um sentido diverso daquele definido pelas palavras. Não tenho memória — e duvido que alguém tenha, valendo também a memória bibliográfica — de nada parecido. Creio que “nunca, antes, nestepaiz”, um presidente ousou dizer que o cargo, se exercido plenamente, diminuiria a sua biografia. No mínimo, atenta contra o artigo 85º da Constituição, que prevê que é responsabilidade do presidente a segurança interna no país. Exagero? Não meu. Estou me atendo ao que Lula disse. Eu sei que ele é só o presidente da República. É que sou um formalista. É um acinte.

Mas, é claro, as oposições devem silenciar a respeito. Nesta sexta, o Congresso já estará esvaziado. Depois vem o ziriguidum-balacobaco-telecoteco, e tudo vai ficando por isso mesmo. Posso propor um exercício ainda mais próximo: e se FHC, a seu tempo, tivesse dito a um outro presidente: “Somos partidários da social-democracia. Não podemos permitir que essa nossa relação seja diminuída porque somos hoje presidentes”. E, para o paralelo ser perfeito, seria necessário que este chefe de Estado estivesse fazendo o que Evo fez aqui: batendo a carteira do país em algo entre US$ 75 milhões e US$ 100 milhões.

A vulgata do petralhismo jura que entregamos as estatais a preço de banana durante o governo tucano, o que é mentira já tantas vezes demonstrada aqui com números. Lula inovou: dispensou as bananas. DEU a Petrobras à Bolívia e ainda permitiu que o país rasgasse um contrato. A história de que o Brasil paga, agora, o justo pelo gás despreza os investimentos feitos naquele país. A Argentina tem de pagar o valor de mercado: é só uma compradora. Nunca investiu lá um alfinete.

O Brasil está sendo tungado. Mas prestem atenção: a tunga é contra o país, contra os brasileiros. Lula não está sendo surpreendido. Ao contrário: Evo Morales faz parte de um projeto político do Foro de São Paulo — órgão fundado pelo brasileiro, que reúne partidos e organizações de esquerda da América Latina — e da corrente terceiro-mundista do Itamaraty — eles se dizem defensores das relações especiais “Sul-Sul”, tentando tirar a poeira de suas convicções, emprestando-lhes algum lustro moderninho.

Essa minha crítica é ideológica? Bem, eu não tenho medo do termo e acho que o discurso ideológico é parte do debate político. Está para ser provado, então, que aplaudir o “acordo” com a Bolívia não é ideologia. Ou “ideológico” é só aquilo de que a gente discorda? E mais...

Fonte da imagem: anovademocracia