quinta-feira

Na terra de fome e miséria: bufê francês e cama king size para Lula



Não há, por ora, informações sobre o custo da aventura administrativo-eleitoral. De concreto, só a certeza de que a conta será espetada na bolsa da Viúva.

Lula e seu séquito pernoitaram num dos canteiros da obra de transposição das águas do Rio São Francisco. Ao contrário do que insinuara o marketing oficial, a ousadia não custou ao presidente a perda do apuro que vem junto com o cargo. Antes da comitiva oficial, chegaram à obra o requinte e a sofisticação. Deve-se o relato à equipe de reportagem do 'Diário de Pernambuco'.

Para cuidar da comida, importou-se do Recife o bufê de um bistrô francês, o La Cuisine. Incluiu bebidas e canapés. Os alimentos foram preparados por um time de nove cozinheiros e servidos por uma equipe de duas dezenas de garçons. Improvisou-se o “quarto” de Lula no escritório do engenheiro-chefe da obra. Coisa fina. Tapete azul, televisão, frigobar, banheiro privativo e cama ‘king size’. Exceto pelo tapete e pela TV, os convidados ilustres –ministros, governadores e empresários— dormiram em alojamentos dotados das mesmas facilidades. Como o presidente foi à obra mais para ser visto do que para ver, reservaram-se cerca de 50 acomodações para jornalistas. Camas de solteiro. Para a difusão de textos e imagens, o canteiro foi equipado com 14 laptops. Peças inusuais num ambiente em que máquinas pesadas evoluem sobre a lama. Do lado de fora, o alojamento presidencial foi adornado com tapumes de fibra e painéis de lona. Para separar os sapatos do solo, brita. Muita brita.


Antes de enfiar-se sob as cobertas, Lula tivera um dia cheio. Passara por Pirapora e Buritizeiro, em Minas. Visitara Barra, na Bahia. No final da tarde, voara para Arcoverde, em Pernambuco. Dali fora, de helicóptero, para o local onde está assentado o canteiro do primeiro pernoite.O nome da localidade é sugestivo: Custódia. Entre as acepções anotadas no Aurélio, duas se encaixam como luva. Segundo o dicionário, Custódia significa: A) Lugar onde se guarda alguma coisa com segurança; B) Objeto de ouro ou prata em que se expõe a hóstia consagrada. Nesta quinta (15), Lula dará seguimento à “missa” do São Francisco. Ainda em Custódia, fará um pa©mício. Mais um. O palco, montado de véspera, tem 40 m² –10mX4m. Orna-o uma frase: "Projeto São Francisco. Um rio melhor, um rio para todos". Lula discursará para os operários. E para as câmeras, naturalmente. Depois, vai à Paraíba. Novo pa©lanque. Mais discurso. No fim da tarde, a comitiva retorna a Pernambuco. Desce na cidade de Floresta. E vai ao canteiro do segundo pernoite. Na sexta (16), Lula volta para Brasília.

Não há, por ora, informações sobre o custo da aventura administrativo-eleitoral. De concreto, só a certeza de que a conta será espetada na bolsa da Viúva.

Fonte

Situação de professores no Brasil é preocupante, afirma consultor da Unesco

da Agência Brasil

Problemas na formação continuada dos professores e até mesmo na formação inicial, além da baixa remuneração, compõem um cenário "preocupante", de acordo com o consultor em educação da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil, Célio da Cunha.

Ao comentar o estudo "Professores do Brasil: Impasses e Desafios", lançado pela Unesco na semana passada, Cunha lembrou que os professores representam o terceiro maior grupo ocupacional do país (8,4%), ficando atrás apenas dos escriturários (15,2%) e dos trabalhadores do setor de serviços (14,9%). A profissão supera, inclusive, o setor de construção civil (4%).

O especialista destaca, entretanto, que é preciso "elevar o status" do professor no Brasil. A própria Unesco, ao concluir o estudo, recomenda a necessidade de "uma verdadeira revolução" nas estruturas institucionais e de formação. Dados da pesquisa indicam que 50% dos alunos que cursam o magistério e que foram entrevistados disseram que não sentem vontade de ser professores. Outro dado "de impacto", segundo Cunha, trata dos salários pagos à categoria --50% dos docentes recebem menos de R$ 720 por mês.

O estudo alerta para um grande "descompasso" entre a formação teórica e a prática do ensino. Para Cunha, a formação do docente precisa estabelecer uma espécie de "aliança" entre o seu conteúdo e um projeto pedagógico, para que o professor tenha condições de entrar em sala de aula.

Como recomendações, a Unesco defende a real implementação do novo piso salarial e a política de formação docente, lançada recentemente. Cunha acredita que esses podem ser "pontos de partida" para uma "ampla recuperação" da profissão no Brasil.

"Se houver continuidade e fazendo os ajustes necessários que sempre surgem, seguramente, daqui a alguns anos, podemos ter um cenário bem mais promissor do que o atual", disse, ao ressaltar que sem professores bem formados e com uma remuneração digna não será possível atingir a qualidade que o Brasil precisa para a educação básica. "Isso coloca em risco o futuro do país, por conta da importância que a educação tem em um mundo altamente competitivo e em uma sociedade globalizada."