"Nunca quis voltar para Cuba"
Cubano revela que, depois de fugir durante o Pan do Rio, foi obrigado a pedir para voltar a seu país.
Agora, está na Alemanha "Democracia? Como assim?" O boxeador cubano ex-campeão mundial amador Erislandy Lara, de 25 anos, escapou de Havana e, na semana passada, conseguiu chegar à Alemanha, em uma viagem organizada e financiada por uma empresa de boxe, que o contratou.
Essa não foi a primeira vez que Lara tentou ir embora de Cuba. Em 21 de julho do ano passado, ele e Guillermo Rigondeaux (bicampeão olímpico e mundial) abandonaram a Vila Pan-Americana no Rio. Acabaram presos em Araruama (RJ) e entregues à Polícia Federal por estarem com o visto vencido e sem passaporte, segundo os policiais. Dois dias depois, foram deportados em um avião fretado pelo governo cubano para Havana.
Onze meses após a fracassada tentativa de desertar durante os Jogos Pan-Americanos do Rio, Lara conta em entrevista ao Estado como conseguiu fugir, como era sua vida desde o incidente no Rio e revela que, de fato, o objetivo no Pan-Americano era o de não retornar mais a Cuba. Mas pergunta: "Seria arriscado voltar ao Brasil?" Lara ainda deixa claro que sequer sabe o significado exato de democracia.
Eis os principais trechos da entrevista, dada por telefone de Hamburgo.
Como você se sente agora, em outro país?
Eu me sinto como se fosse uma nova pessoa. Estou bem e muito feliz.
Por que você decidiu deixar Cuba?
Porque simplesmente eu não podia mais ser boxeador. O governo me prometeu, quando voltei do Brasil, que me apoiaria, que me daria casa e eu poderia lutar. Eu queria ir a Pequim. Mas isso nunca ocorreu. Os dias foram passando e me diziam: "Espere, espere." Fiquei esperando e agora é tarde demais para pensar em ir à Olimpíada. Além disso, nada do que me prometeram foi cumprido. Disseram que me apoiariam. Mas, um ano depois, continuava sem nada, sem trabalho e sem lutar. Foi tudo uma mentira. O governo nos enganou desde o primeiro minuto.
E como você sobrevivia?
Alugava minha moto e cobrava por isso. Foi assim que sobrevivi por esses meses, com pouco dinheiro. Pensei que poderia voltar a lutar, como disse o governo. Mas isso nunca ocorreu desde os incidentes no Rio.
Você não tem medo de que algo ocorra com sua família?
Eles não podem fazer mais nada. Eu é que era o alvo e já estou fora. Agora, quero trazer minha mulher logo. Minha família me apoiou muito na decisão de deixar Cuba.
Como foi que conseguiu escapar?
Eu mesmo fiquei surpreendido. A empresa (Box Arena) me chamou e disse que tinha organizado tudo com uns cubanos. Fui de madrugada a uma praia nas proximidades de Havana. Não quero revelar o nome desse local porque sei que há outros cubanos que querem escapar por essa região e não seria bom que o governo soubesse. Temos de ajudar nossos irmãos. Temos de proteger esses cubanos. Uma lancha me buscou e viajamos por 12 horas até Cancún, no México. O tempo estava muito ruim e a viagem foi difícil, com tormentas enormes. Mas estava confiante de que conseguiria sair. Corremos um grande risco.
Quem foi que organizou tudo isso?
A empresa que me contratou na Alemanha, a Box Arena, de Hamburgo.
Quando você abandonou a Vila nos Jogos Pan-Americanos, disseram que vocês queriam voltar para Cuba e que tinham apenas se perdido. O que ocorreu de fato naquele momento?
Quando deixamos a Vila Pan-Americana, o objetivo era mesmo escapar de Cuba e não voltar mais para Havana. Não há dúvida sobre isso. Não queríamos voltar. Mas as circunstâncias não eram boas. Não tivemos nenhum apoio e, sem ninguém para contactar, fomos obrigados a pedir para voltar para Cuba. Não tínhamos outra alternativa. Estávamos sem dinheiro e nem sabíamos para onde ir. Não posso recriminar a polícia brasileira. Gostei muito do Brasil e já estou planejando ir de férias para o Rio de Janeiro entre agosto e setembro. Você acha que seria seguro ou arriscado para mim? Haveria algum problema?
Como você avalia a situação política de Cuba e da falta de democracia plena?
Democracia? Como assim?
Se existe ou não um regime democrático e se existe a possibilidade de o povo ter voz e voto nas decisões do país.
Ah, isso? Claro que não existe essa possibilidade. É o governo quem dita todas as regras. Tudo passa pelo governo. Não há liberdade. Eles são os que dizem o que podemos e o que não se pode fazer.
Você pensa um dia voltar para Cuba?
Não. Não volto mais.
E qual é seu plano de carreira no boxe?
Quero lutar por mais dez anos. Tenho apenas 25 anos e poderei ainda conquistar muitos títulos.
http://www.estadao.com.br/ em 14 de Junho de 2008
Agora, está na Alemanha "Democracia? Como assim?" O boxeador cubano ex-campeão mundial amador Erislandy Lara, de 25 anos, escapou de Havana e, na semana passada, conseguiu chegar à Alemanha, em uma viagem organizada e financiada por uma empresa de boxe, que o contratou.
Essa não foi a primeira vez que Lara tentou ir embora de Cuba. Em 21 de julho do ano passado, ele e Guillermo Rigondeaux (bicampeão olímpico e mundial) abandonaram a Vila Pan-Americana no Rio. Acabaram presos em Araruama (RJ) e entregues à Polícia Federal por estarem com o visto vencido e sem passaporte, segundo os policiais. Dois dias depois, foram deportados em um avião fretado pelo governo cubano para Havana.
Onze meses após a fracassada tentativa de desertar durante os Jogos Pan-Americanos do Rio, Lara conta em entrevista ao Estado como conseguiu fugir, como era sua vida desde o incidente no Rio e revela que, de fato, o objetivo no Pan-Americano era o de não retornar mais a Cuba. Mas pergunta: "Seria arriscado voltar ao Brasil?" Lara ainda deixa claro que sequer sabe o significado exato de democracia.
Eis os principais trechos da entrevista, dada por telefone de Hamburgo.
Como você se sente agora, em outro país?
Eu me sinto como se fosse uma nova pessoa. Estou bem e muito feliz.
Por que você decidiu deixar Cuba?
Porque simplesmente eu não podia mais ser boxeador. O governo me prometeu, quando voltei do Brasil, que me apoiaria, que me daria casa e eu poderia lutar. Eu queria ir a Pequim. Mas isso nunca ocorreu. Os dias foram passando e me diziam: "Espere, espere." Fiquei esperando e agora é tarde demais para pensar em ir à Olimpíada. Além disso, nada do que me prometeram foi cumprido. Disseram que me apoiariam. Mas, um ano depois, continuava sem nada, sem trabalho e sem lutar. Foi tudo uma mentira. O governo nos enganou desde o primeiro minuto.
E como você sobrevivia?
Alugava minha moto e cobrava por isso. Foi assim que sobrevivi por esses meses, com pouco dinheiro. Pensei que poderia voltar a lutar, como disse o governo. Mas isso nunca ocorreu desde os incidentes no Rio.
Você não tem medo de que algo ocorra com sua família?
Eles não podem fazer mais nada. Eu é que era o alvo e já estou fora. Agora, quero trazer minha mulher logo. Minha família me apoiou muito na decisão de deixar Cuba.
Como foi que conseguiu escapar?
Eu mesmo fiquei surpreendido. A empresa (Box Arena) me chamou e disse que tinha organizado tudo com uns cubanos. Fui de madrugada a uma praia nas proximidades de Havana. Não quero revelar o nome desse local porque sei que há outros cubanos que querem escapar por essa região e não seria bom que o governo soubesse. Temos de ajudar nossos irmãos. Temos de proteger esses cubanos. Uma lancha me buscou e viajamos por 12 horas até Cancún, no México. O tempo estava muito ruim e a viagem foi difícil, com tormentas enormes. Mas estava confiante de que conseguiria sair. Corremos um grande risco.
Quem foi que organizou tudo isso?
A empresa que me contratou na Alemanha, a Box Arena, de Hamburgo.
Quando você abandonou a Vila nos Jogos Pan-Americanos, disseram que vocês queriam voltar para Cuba e que tinham apenas se perdido. O que ocorreu de fato naquele momento?
Quando deixamos a Vila Pan-Americana, o objetivo era mesmo escapar de Cuba e não voltar mais para Havana. Não há dúvida sobre isso. Não queríamos voltar. Mas as circunstâncias não eram boas. Não tivemos nenhum apoio e, sem ninguém para contactar, fomos obrigados a pedir para voltar para Cuba. Não tínhamos outra alternativa. Estávamos sem dinheiro e nem sabíamos para onde ir. Não posso recriminar a polícia brasileira. Gostei muito do Brasil e já estou planejando ir de férias para o Rio de Janeiro entre agosto e setembro. Você acha que seria seguro ou arriscado para mim? Haveria algum problema?
Como você avalia a situação política de Cuba e da falta de democracia plena?
Democracia? Como assim?
Se existe ou não um regime democrático e se existe a possibilidade de o povo ter voz e voto nas decisões do país.
Ah, isso? Claro que não existe essa possibilidade. É o governo quem dita todas as regras. Tudo passa pelo governo. Não há liberdade. Eles são os que dizem o que podemos e o que não se pode fazer.
Você pensa um dia voltar para Cuba?
Não. Não volto mais.
E qual é seu plano de carreira no boxe?
Quero lutar por mais dez anos. Tenho apenas 25 anos e poderei ainda conquistar muitos títulos.
http://www.estadao.com.br/ em 14 de Junho de 2008
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