Falarei de Dilma Rousseff? E o que faz esta foto aí acima? Vocês entenderão.
por Reinaldo Azevedo
A ministra estreou ontem como “política” com aspirações a testar um dia a sorte nas urnas. Sim, até havia pouco, Dilma só fazia pronunciamentos mais ou menos oficiais, mesmo quando no “palanque”. No começo desta madrugada, no programa Jô Soares, assistimos à performance da candidatável. Performance fraca. Dilma é ruim de cintura pra chuchu. Fernando Haddad, da Educação, no mesmo sofá e diante de um entrevistador igualmente friendly, conseguiu ser mais palatável. Ele também superestimou, como de hábito nessa profissão, os números de sua pasta. Mas é dono de uma fala bem mais fluida e de um discurso mais organizado do que o da companheira. E não precisou exagerar no oposto da verdade — que vem a ser a famigerada “mentira”. Tenho uma vaga memória da Família Trapo. Ontem, o Bronco, Ronald Golias, certamente teria feito a festa.
A grande mentira
Num post da noite passada, chutei que Jô Soares poria no ar, mais uma vez, o discurso de Dilma respondendo àquela famosa pergunta do senador José Agripino (DEM-RN) durante o depoimento da ministra na Comissão de Infra-Estrutura. Na mosca! Mais uma vez, tivemos de ouvir Dilma dizer que mentiu, sim, sob tortura, “o que não é fácil” (claro, fácil é mentir no sofá, não na cadeira do dragão). Mais: daquele seu discurso, ecoa a frase: “Na democracia, senador, a gente diz a verdade”. A platéia e o apresentador aplaudiram. E Jô Soares: “O senador poderia ter ficado calado. Que vergonha!” É mesmo. Uma vergonha! Minutos antes, diante de um Jô Soares sempre muito amigável, ela tinha acabado de negar a existência do dossiê — o mesmo hoje reconhecido até pela Polícia Federal. Insistiu na tese do banco de dados. E não teve receio: “Se tiraram informação de lá, é outra coisa”. Quem “tiraram”, cara pálida? Já está provado também que o arquivo nos computadores da Casa Civil é rigorosamente igual ao dossiê divulgado. Ok. Jô Soares não faz jornalismo, mas entretenimento. Nada contra. Se, no entanto, entrevista uma ministra de estado e trata de política, parece-me que o entrevistado tem de ser confrontado com os fatos. A ministra aplaudida porque, no Senado, num rasgo retórico, afirmou que, na democracia, é preciso dizer a verdade tinha acabado de contar uma estrondosa mentira. E não parou por ali. Afirmou que conheceu vagamente o agora ministro Carlos Minc (Meio Ambiente). Não! Ambos pertenceram ao mesmo grupo terrorista, a VAR-Palmares, nascida da aliança da Colina com a VPR. Ela planejou o assalto ao famoso “cofre de Adhemar”, que ele ajudou a executar. Dilma negou seu envolvimento direto no episódio — o que também vem a ser o oposto da verdade. Não participou da invasão da casa porque era importante demais na organização para se expor.
Mais mentiras
Mas e daí? O território era absolutamente hospitaleiro. Na passagem do primeiro para o segundo bloco, travou-se o seguinte diálogo: Jô – Tenho muita admiração por sua participação na luta armada. Eu sei que você fica sempre muito acanhada quando se fala nisso.
Dilma – Não é acanhada. Eu fico sempre muito emocionada.
Na volta do intervalo, Dilma vendeu a tese furadíssima, também mentirosa, de que a guerrilha e o terrorismo foram só uma forma de resistência à ditadura. E atribuiu a própria luta ao que chamou “generosidade dos jovens”. Comentando o assalto ao cofre do Adhemar, recorreu ao sujeito indeterminado: “fizeram”, “pegaram”, “o que se dizia é que tinha documentos”... Tratou do episódio como se não fosse com ela. Como se nota, essa gente só reivindica heroísmo quando pode aparecer como vítima. Num dado momento da conversa, contou que chegou a cozinhar com Carlos Lamarca. Deve ter sido realmente um momento encantador. Em 1970, ano em que Dilma foi presa, Lamarca tinha como seu prisioneiro o tenente Alberto Mendes Júnior, da PM de São Paulo. É aquela foto lá do alto. A exemplo de Dilma ao ser presa, ele também tinha 23 anos (ela faltou com a verdade no Senado ao dizer que tinha 19). Mas o tenente teve menos sorte do que a agora ministra: Lamarca e os companheiros esmagaram seu crânio a coronhadas de fuzil. Segundo a Dama de Vermelho, o assassino cozinhava muito bem. Mas esmagava crânio com ainda mais competência. Ela falou do terrorista com doce nostalgia. Dilma também se escusou de dizer a verdade — para quê?; não havia menor necessidade — ao comentar a saída de Marina Silva. A sua versão foi de fazer inveja aos melhores momentos do estado soviético: Marina teria saído porque julgou “que o trabalho dela havia sido concluído”. Ora, nem a carta de demissão da ex-ministra permite essa ilação.
Mentiras outra vez
A “entrevista” começou e terminou com o PACtóide. Revejam a fita. Dilma Rousseff afirmou sobre o programa: “quase R$ 504 bilhões [de investimento] que nós fizemos neste período”. Assim mesmo. Com o verbo no passado. Como se todo o dinheiro que se ambiciona ter para o PAC até 2011 já tivesse sido investido. Em São Paulo, disse, “o investimento chegou a R$ 8 bilhões”. De novo, com o verbo no passado. Assim como é fácil vender terrorismo como resistência, também se consegue fazer gato passar por lembre. Do que estava previsto para o PAC no ano passado, foram gastos apenas 28%. Neste ano, até meados deste mês, ridículos 0,57%. Vale dizer: o governo tem mais sete meses para tentar gastar 99,43%... Estes números foram exibidos pela senadora Katia Abreu (DEM-TO) no dia do showzinho particular de Dilma e não foram contestados pela ministra. Nem podem. São dados oficiais, do Siafi. Lula é o pai do PAC; Dilma é a mãe. Chamem Golias. Vamos reeditar a Família Trapo.
PS: Ah, sim. Ex-fumante, a ministra admitiu que, de vez em quando, dá umas baforadas em cigarrilhas — que, consentiu, podem ser até as alheias. Quem fuma cigarrilhas holandesas — Café Crème (R$ 13 por 10 unidades) — por ali é Lula. Vai ver ela anda baforando as cigarrilhas do presidente. Teria vindo daí a suposição (que tanto inquieta boa parte do PT) de que ela é a preferida do Apedeuta para a as sucessão? O cachimbo da gramática, este ela já partilha com Lula: segundo disse: “Nós precisamos DE melhorar a transparência”. Nem diga.
PS2 - Fiquei sabendo que Dilma, a mãe do PAC, se refere a Roberto Teixeira, o primeiro-compadre, como "paizinho". Huuummm. Vai ver ele é o avô do PAC.
Blog do Reinaldo Azevedo
por Reinaldo Azevedo
A ministra estreou ontem como “política” com aspirações a testar um dia a sorte nas urnas. Sim, até havia pouco, Dilma só fazia pronunciamentos mais ou menos oficiais, mesmo quando no “palanque”. No começo desta madrugada, no programa Jô Soares, assistimos à performance da candidatável. Performance fraca. Dilma é ruim de cintura pra chuchu. Fernando Haddad, da Educação, no mesmo sofá e diante de um entrevistador igualmente friendly, conseguiu ser mais palatável. Ele também superestimou, como de hábito nessa profissão, os números de sua pasta. Mas é dono de uma fala bem mais fluida e de um discurso mais organizado do que o da companheira. E não precisou exagerar no oposto da verdade — que vem a ser a famigerada “mentira”. Tenho uma vaga memória da Família Trapo. Ontem, o Bronco, Ronald Golias, certamente teria feito a festa.
A grande mentira
Num post da noite passada, chutei que Jô Soares poria no ar, mais uma vez, o discurso de Dilma respondendo àquela famosa pergunta do senador José Agripino (DEM-RN) durante o depoimento da ministra na Comissão de Infra-Estrutura. Na mosca! Mais uma vez, tivemos de ouvir Dilma dizer que mentiu, sim, sob tortura, “o que não é fácil” (claro, fácil é mentir no sofá, não na cadeira do dragão). Mais: daquele seu discurso, ecoa a frase: “Na democracia, senador, a gente diz a verdade”. A platéia e o apresentador aplaudiram. E Jô Soares: “O senador poderia ter ficado calado. Que vergonha!” É mesmo. Uma vergonha! Minutos antes, diante de um Jô Soares sempre muito amigável, ela tinha acabado de negar a existência do dossiê — o mesmo hoje reconhecido até pela Polícia Federal. Insistiu na tese do banco de dados. E não teve receio: “Se tiraram informação de lá, é outra coisa”. Quem “tiraram”, cara pálida? Já está provado também que o arquivo nos computadores da Casa Civil é rigorosamente igual ao dossiê divulgado. Ok. Jô Soares não faz jornalismo, mas entretenimento. Nada contra. Se, no entanto, entrevista uma ministra de estado e trata de política, parece-me que o entrevistado tem de ser confrontado com os fatos. A ministra aplaudida porque, no Senado, num rasgo retórico, afirmou que, na democracia, é preciso dizer a verdade tinha acabado de contar uma estrondosa mentira. E não parou por ali. Afirmou que conheceu vagamente o agora ministro Carlos Minc (Meio Ambiente). Não! Ambos pertenceram ao mesmo grupo terrorista, a VAR-Palmares, nascida da aliança da Colina com a VPR. Ela planejou o assalto ao famoso “cofre de Adhemar”, que ele ajudou a executar. Dilma negou seu envolvimento direto no episódio — o que também vem a ser o oposto da verdade. Não participou da invasão da casa porque era importante demais na organização para se expor.
Mais mentiras
Mas e daí? O território era absolutamente hospitaleiro. Na passagem do primeiro para o segundo bloco, travou-se o seguinte diálogo: Jô – Tenho muita admiração por sua participação na luta armada. Eu sei que você fica sempre muito acanhada quando se fala nisso.
Dilma – Não é acanhada. Eu fico sempre muito emocionada.
Na volta do intervalo, Dilma vendeu a tese furadíssima, também mentirosa, de que a guerrilha e o terrorismo foram só uma forma de resistência à ditadura. E atribuiu a própria luta ao que chamou “generosidade dos jovens”. Comentando o assalto ao cofre do Adhemar, recorreu ao sujeito indeterminado: “fizeram”, “pegaram”, “o que se dizia é que tinha documentos”... Tratou do episódio como se não fosse com ela. Como se nota, essa gente só reivindica heroísmo quando pode aparecer como vítima. Num dado momento da conversa, contou que chegou a cozinhar com Carlos Lamarca. Deve ter sido realmente um momento encantador. Em 1970, ano em que Dilma foi presa, Lamarca tinha como seu prisioneiro o tenente Alberto Mendes Júnior, da PM de São Paulo. É aquela foto lá do alto. A exemplo de Dilma ao ser presa, ele também tinha 23 anos (ela faltou com a verdade no Senado ao dizer que tinha 19). Mas o tenente teve menos sorte do que a agora ministra: Lamarca e os companheiros esmagaram seu crânio a coronhadas de fuzil. Segundo a Dama de Vermelho, o assassino cozinhava muito bem. Mas esmagava crânio com ainda mais competência. Ela falou do terrorista com doce nostalgia. Dilma também se escusou de dizer a verdade — para quê?; não havia menor necessidade — ao comentar a saída de Marina Silva. A sua versão foi de fazer inveja aos melhores momentos do estado soviético: Marina teria saído porque julgou “que o trabalho dela havia sido concluído”. Ora, nem a carta de demissão da ex-ministra permite essa ilação.
Mentiras outra vez
A “entrevista” começou e terminou com o PACtóide. Revejam a fita. Dilma Rousseff afirmou sobre o programa: “quase R$ 504 bilhões [de investimento] que nós fizemos neste período”. Assim mesmo. Com o verbo no passado. Como se todo o dinheiro que se ambiciona ter para o PAC até 2011 já tivesse sido investido. Em São Paulo, disse, “o investimento chegou a R$ 8 bilhões”. De novo, com o verbo no passado. Assim como é fácil vender terrorismo como resistência, também se consegue fazer gato passar por lembre. Do que estava previsto para o PAC no ano passado, foram gastos apenas 28%. Neste ano, até meados deste mês, ridículos 0,57%. Vale dizer: o governo tem mais sete meses para tentar gastar 99,43%... Estes números foram exibidos pela senadora Katia Abreu (DEM-TO) no dia do showzinho particular de Dilma e não foram contestados pela ministra. Nem podem. São dados oficiais, do Siafi. Lula é o pai do PAC; Dilma é a mãe. Chamem Golias. Vamos reeditar a Família Trapo.
PS: Ah, sim. Ex-fumante, a ministra admitiu que, de vez em quando, dá umas baforadas em cigarrilhas — que, consentiu, podem ser até as alheias. Quem fuma cigarrilhas holandesas — Café Crème (R$ 13 por 10 unidades) — por ali é Lula. Vai ver ela anda baforando as cigarrilhas do presidente. Teria vindo daí a suposição (que tanto inquieta boa parte do PT) de que ela é a preferida do Apedeuta para a as sucessão? O cachimbo da gramática, este ela já partilha com Lula: segundo disse: “Nós precisamos DE melhorar a transparência”. Nem diga.
PS2 - Fiquei sabendo que Dilma, a mãe do PAC, se refere a Roberto Teixeira, o primeiro-compadre, como "paizinho". Huuummm. Vai ver ele é o avô do PAC.
Blog do Reinaldo Azevedo
3 Comments:
-Ontem eu não vi, nem uma ministra, nem uma candidata à presidência de um país!
-Eu vi uma terrorista que embora pertencendo à cúpula de governo de uma nação que se orgulha de ser "verde e amarela" afrontosamente se apresentou vestida de vermelho, no mais puro estilo bolivariano de Chavez;
-Eu vi uma criminosa comum, que se destacou por comandar uma quadrilha, que realizou assaltos milionários na década de 70 (como se o fato de ser ou de se dizer comunista pudesse ser um salvo-conduto para não ter de cumprir a lei), negando descaradamente a sua participação nesses assaltos, embora fornecendo detalhes até do peso do cofre;
-Eu vi uma criminosa comum sim, pois se não o fosse deveria ter devolvido os quase 25 milhões de dólares (em valores atuais) ao povo do qual eles foram roubados e a quem ela jura defender;
-Eu vi mais uma prepotentezinha de merda, bem ao estilo de seu antecessor (o Zé Dirceu do mensalão) e do cangaceiro que a patrocina (o Luladrão), que além de chefe atual da quadrilha é um perfeito exemplar do "neo-coronelismo cibernético", tendo transformado a doação de botinas a troco de votos, na oferta de cartões magnéticos com os quais compra os consciências de um povo ignorante a quem engana e domina através do "bolsa família"!
-Em resumo, eu vi o futuro de meu país tristemente tingido de vermelho sanguinolento, tal qual o terninho da bandida hipócrita, fartamente iluminado pelos holofotes da Rede Globo!
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