quinta-feira

Honduras acusa o Brasil de intromissão

Fonte da imagem CoturnoNoturno

O governo interino de Honduras acusou o Brasil nesta quinta-feira de "evidente intromissão nos assuntos internos" do país e disse, portanto, que o governo brasileiro é responsável não só pela segurança do povo hondurenho como pela de todas as pessoas e propriedades que estiverem envolvidas no caso. O presidente deposto do país, Manuel Zelaya, está refugiado na embaixada brasileira em Honduras desde segunda-feira. A volta dele ao território incitou uma onda de protestos na região, que já causou a morte de pelo menos uma pessoa e a prisão de centenas.

O comunicado divulgado pela Secretaria de Relações Exteriores de Honduras se baseia em uma declaração de Zelaya, que teria dito que consultou o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim sobre sua viagem de volta ao território hondurenho. Para o governo interino, isso prova que a entrada ilegal de Zelaya em Honduras foi "um ato promovido e consentido pelo governo do Brasil".

O governo brasileiro havia dito que a embaixada brasileira no país ficou surpresa com a chegada de Zelaya, mas que o abrigou como o presidente legítimo do país. "Nós não precisamos gastar meia palavra para falar do que aconteceu em Honduras. O presidente eleito foi retirado de sua casa de madrugada à força. Esse presidente resolveu voltar ao seu país. Nós queremos que ele fique com garantias lá e queremos que os golpistas não façam nada com a embaixada brasileira. Isso faz parte de convenções internacionais", disse Lula.

Como as embaixadas são consideradas território estrangeiro, a polícia e o Exército hondurenhos não podem entrar no local sem autorização. Justamente por isso o governo interino de Honduras cobrou do Brasil na quarta que defina o status oficial de Zelaya. Segundo o jornal hondurenho El Tiempo, o governo brasileiro já foi alertado de que o presidente deposto deve ser definido oficialmente como asilado político, ou então entregue à Justiça hondurenha para responder às acusações que foram feitas contra ele no país.